Entidades ligadas aos produtores rurais divulgaram neste sábado (28) nota cobrando ações do Ministério da Justiça e da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Humaitá (AM), onde três homens seguem desaparecidos após serem supostamente sequestrados por índios da etnia tenharim. Destacando o "clima de guerra" na região, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea) criticaram a forma como o governo federal conduz a questão da demarcação de terras indígenas no País.
"Há tempos, a CNA vem alertando a Nação para as consequências danosas da forma irresponsável e omissa com que o Ministério da Justiça e a Fundação Nacional do Índio (Funai) têm tratado a questão indígena no Brasil. A omissão e os equívocos das autoridades é que têm fomentado o conflito de forma artificial e elevado a tensão a um grau inédito no País", acusa a confederação, presidida pela senadora Kátia Abreu (PMDB-TO).
A tensão na cidade aumentou no dia 16, quando o técnico da Eletrobras Amazonas Energia Aldeney Ribeiro Salvador, o professor Stef Pinheiro e o comerciante Luciano Ferreira Freire desapareceram. A informação no município é que eles teriam sido sequestrados e mortos pelos índios tenharim, que assim vingariam a morte do cacique Ivan Tenharim.
A versão oficial da morte de Ivan Tenharim é que ele sofreu um acidente de moto na Rodovia BR-230. Para os índios, ele foi assassinado por descontentes com a presença dos índios nas cidades e com a cobrança de pedágios para passar pelas terras, nos quais são cobrados valores de 15 a cem reais. Os índios negam a acusação de sequestro. Revoltados com os desaparecimentos, moradores incendiaram a sede da Funai, três carros e um barco.
"A CNA adverte que a revolta que motivou quase 2 mil pessoas a atear fogo na sede da Funai em Humaitá é mais uma prova irrefutável da necessidade de mudanças imediatas na condução da política indigenista, que envolve cidadãos brasileiros, índios e não índios, entre os quais um grande número de produtores rurais", acrescenta a nota.
"Não aceitamos que a Funai se omita neste caso específico da Reserva Indígena Tenharim, onde existem fortes suspeitas de que membros dessa etnia teriam atentado contra a vida de três pessoas inocentes", afirma a Faea, em comunicado. A federação pede ainda a presença da Polícia Federal (PF) e afirma que não aceita a cobrança de pedágio em trecho da Transamazônica, "que tem afrontado, humilhado e provocado insegurança às pessoas que trafegam nesse trecho da rodovia, em flagrante ato inconstitucional contrário ao direito de ir e vir dos brasileiros". "A revolta do povo na região é grande e tememos um conflito generalizado, razão pela qual defendemos a presença efetiva do Estado brasileiro, tanto na reserva indígena, como nos municípios da Transamazônica, hoje em estado de choque pelos últimos acontecimentos", finaliza a Faea.
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