Munidos de tratores e máquinas agrícolas, produtores rurais de vários municípios do Oeste do Paraná voltaram a fechar uma estrada ontem das 14 às 17h30, reivindicando o cumprimento das ordens de reintegração de posse expedidas pela Justiça.
Dessa vez o alvo foi a PR-163, entre Cascavel e Santa Tereza do Oeste, próximo da unidade da Syngenta ocupada por 800 integrantes da Via Campesina desde 14 de março. Para evitar congestionamentos mais longos, os manifestantes liderados pela Sociedade Rural do Oeste liberavam os veículos a cada trinta minutos. A Syngenta obteve a ordem de reintegração da propriedade e aguarda a execução por parte da Polícia Militar. De acordo com o gerente da unidade, Arnaldo Bellucci, até agora a invasão causou prejuízos da ordem de R$ 50 milhões à companhia, que abastece todo o Sul do Brasil com suas sementes.
"Todos os funcionários continuam apreensivos com a situação. Até hoje a empresa aguarda uma decisão do governo para executar a ordem de reintegração de posse da propriedade", confirmou Bellucci. A maior preocupação, segundo ele, é com a continuidade das pesquisas realizadas no local. "São vários anos consumidos em busca de novas variedades de soja e milho. Todo o banco genético está ali dentro e tememos que isso seja perdido", completou.
A Via Campesina, por sua vez, justifica que a ocupação ocorreu porque a empresa manipulava pesquisas genéticas. Na época, denúncia da entidade levou o Ibama a embargar a fazenda da multinacional, por pesquisa de transgênicos nas proximidades do Parque Nacional do Iguaçu. A distância permitida para esse tipo de trabalho é a partir de dez quilômetros ao redor da reserva as lavouras em questão estavam a apenas seis. Foi o 3.º bloqueio do mês promovido pelos produtores nas principais rodovias que cortam a região de Cascavel.