Cinco dias após a maior operação da Polícia Federal e Receita Federal anti-contrabando e anti-pirataria no camelódromo de Londrina, já é possível comprar praticamente todos os DVDs e CDs ilegais apreendidos no sábado. Ontem, comerciantes que perderam mercadorias trabalhavam rapidamente na reposição dos estoques de produtos contrabandeados ou pirateados. Fornecedores ofereciam a mercadoria abertamente aos camelôs que, sem nenhuma discrição, colocavam à venda títulos que ainda estão nos cinemas.
"Quem entra nessa vida não sai nunca mais", comentou um deles, enquanto repunha os estoques. A reportagem contou pelo menos 15 boxes dos 350 vendendo mídias piratas. O mesmo se repetia em um camelódromo recém-inaugurado: em meio aos muitos comerciantes asiáticos da Galeria Central (antiga galeria do Cine Augustus), pelo menos seis bancas vendiam abertamente produtos pirateados. Parte dos boxes dedicava-se exclusivamente aos produtos copiados de forma ilegal.
Apesar da tímida procura, não faltaram consumidores em busca dos CDs e DVDs no camelódromo. Em todas as bancas, três filmes eram vendidos a R$ 10, sem a capa plástica. Alguns camelôs comentavam que aumentaram a produção artesanal dos produtos em casa a partir de filmes baixados pela internet.
O advogado Luiz Augusto Dutra, defensor dos camelôs filiados à Ong Canaã, administradora do camelódromo, afirma que CDs e DVDs piratas voltaram às bancas porque são mercadorias de acesso mais rápido pelos vendedores: "Trata-se de uma questão de sobrevivência". Dutra viu-se surpreso com o grande número de mercadorias com notas fiscais que, apresentadas pelos comerciantes, permitiram a recuperação do que foi apreendido pela Receita Federal. "A maioria das pessoas já compra de importadora, e com nota. A Receita está sendo de fato justa, porque basta apresentar a nota para o produto ser devolvido", afirmou. Ele não concorda com a decisão judicial que determinou a apreensão coletiva, julgada como "excessiva".