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O pesquisador José Lopes, que identificou focos do mosquito pela primeira vez em Londrina, em 1985: “Vivemos uma situação em que nossos resultados dependem das condições climáticas e da sorte, um quadro onde a epidemia só será controlada se não chover e se esfriar.” | Roberto Custódio/Jornal de Londrina
O pesquisador José Lopes, que identificou focos do mosquito pela primeira vez em Londrina, em 1985: “Vivemos uma situação em que nossos resultados dependem das condições climáticas e da sorte, um quadro onde a epidemia só será controlada se não chover e se esfriar.”| Foto: Roberto Custódio/Jornal de Londrina

Mutirões de limpeza, panfletagem e outras ações de mobilização contra o mosquito Aedes aegypti não têm sido eficazes em Londrina, onde duas mortes causadas pela dengue já foram registradas neste ano. A opinião é do professor-doutor em entomologia médica José Lopes, que coordena o projeto Ovi­trampas na Universidade Estadual de Londrina (UEL) e há mais de 30 anos estuda o Aedes aegypti. Lopes defende o uso de uma armadilha, conhecida como ovitrampas.

A armadilha está sendo utilizada na UEL, onde o índice de infestação do mosquito já está próximo de zero, e por empresas da região. A ovitrampas é um vaso plástico preto (o mosquito é atraído pela cor) com uma palheta de duratree (chapa de fibra) que tem uma face lisa e outra enrrugada, virada para cima, e um pouco de líquido como atrativo, feito a partir da maceração do capim na água. A fêmea é atraída pelo cheiro do atrativo e coloca seus ovos na parte áspera da palheta. A cada sete dias, a chapa deve ser limpa, com uma escovinha, sobre terra ou grama. A água do vaso também deve ser escorrida no mesmo local.

A diretora de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Londrina, Sandra Caldeira, diz que o município utiliza as técnicas preconizadas pelo Ministério da Saú­de para o controle da dengue. "To­­das as ações que desenvolvemos são pautadas nas orientações do ministério. E o ministério não orien­­­ta o uso de ovitrampas", diz. Para Lopes, essa postura era esperada. "O ministé­rio descentralizou a responsabilidade do combate para os municípios. Mas centralizou a metodologia. Se o município não seguir a cartilha não recebe verbas para o combate."

Lopes também defende o combate ao mosquito adulto com a utilização de bioinseticidas. "Na década de 1950, o mosquito foi considerado erradicado do Brasil. Porque foi na época em que surgiu o DDT [o primeiro pesticida moderno], depois proibido", lembra. O Ministério da Saúde proíbe o uso de bioinseticidas a não ser em áreas em que o mosquito já é considerado resistente ao inseticida químico, utilizado no fumacê.

Lopes foi o pesquisador que identificou o primeiro foco de mosquito da dengue em Londrina, no Jardim Califórnia, em 1985. De lá pra cá, as ações de combate, segundo ele, foram sempre as mesmas. "Hoje, ninguém mais lê cartazes e panfletos porque todo mundo sabe qual deve ser sua atitude", diz. Neste ano já foram confirmados 1.552 casos em Londrina, com outras 6.563 notificações, 50% do total de todo o Paraná.

Serviço

Interessados em obter o ovitrampas podem entrar em contato pelo telefone (43) 3371-4666. O custo simbólico é de R$ 1,60 por armadilha.

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