Porto Alegre O diretor do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente do Rio Grande do Sul, delegado Paulo de Tarso Castro de Araújo, admitiu ontem que a morte do professor de piano Marcos Maronez Júnior, de 31 anos, e de sua aluna Gabriela Muratt, com apenas 13 anos, em um quarto de motel da capital gaúcha, pode ter decorrido de um pacto entre ambos. O delegado disse que será necessário aguardar antes os resultados da perícia, para verificar, por exemplo, se a estudante não estava dopada no momento do disparo.
Todas as evidências, reconhece ele, são no sentido de que houve um entendimento em relação às duas mortes, embora a polícia não admita isto oficialmente, dizendo que será necessário aguardar os resultados da perícia. Uma das evidências foi o fato de terem sido encontrados dois revólveres no quarto (de calibres 38 e 32) e os dois terem sido usados para os disparos.
Também foram encontradas no local três cartas em que o casal, em linhas gerais, demonstra estar inconformado com a não concordância dos pais de Gabriela com o romance. Essas cartas, segundo o delegado, não estão com a polícia e sim com a perícia, que vai analisar o conteúdo e a grafia, para verificar se foram escritas por apenas uma ou por duas pessoas.
"A morte de ambos teria sido um protesto contra isso (a não concordância dos pais de Gabriela em relação ao romance) e a intenção de permanecerem juntos", disse ontem, no início da noite, o delegado Paulo de Tarso.
Embora a polícia trabalhe com a possibilidade mais provável de que o professor tenha matado a aluna e depois se suicidado, as condições em que ocorreram as mortes também indicam que cada um pode ter atirado na própria cabeça. Gabriela morreu (a caminho do Hospital São Lucas) em conseqüência de um tiro lateral na cabeça, enquanto o professor morreu (já no hospital) com um tiro na boca. Cada um dos corpos tinha um único disparo.
A perícia, segundo o diretor do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente, é que deverá indicar quem deu os tiros, a partir de resíduos de pólvora nos dedos, bem como se a estudante estava ou não dopada.
"Quando os peritos chegaram no local a cena do crime já estava desfeita, porque os dois ainda estavam vivos e foram levados ao hospital", disse o diretor, esclarecendo que isso não impedirá que se esclareça a autoria dos disparos.
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