O professor de matemática Aristóteles Kochinski Smolarek Júnior, 29 anos, foi condenado ontem a 24 anos, 9 meses e 15 dias de detenção pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, aborto, tentativa de estelionato, ocultação de cadáver e falsidade documental. O veredito foi dado às 20 horas pelo juiz Rogério Etzel, no Tribunal do Júri de Curitiba. Smolarek já tinha confessado ser o autor da assassinato de sua mulher, Luciana Ribeiro de Paula, em uma suposta viagem de lua-de-mel a Santiago, no Chile, em 4 de agosto de 1998.

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Durante o julgamento, os advogados do professor, Walmir de Oliveira Teixeira e Fernando Fernandes, foram surpreendidos pelo cliente quando ele preferiu ficar em silêncio, recusando-se a falar em juízo. "Isso foi uma surpresa para todos nós. Tínhamos 126 perguntas para fazer a ele. Com essa atitude nosso trabalho acabou prejudicado", conta Teixeira. A sessão foi interrompida por cinco minutos, a pedido dos advogados, para tentar convencer Smolarek a falar, mas ele não voltou atrás.

O professor já havia sido julgado em 2004, quando foi condenado a 27 anos e 3 meses de reclusão. A decisão foi anulada pelo Tribunal de Justiça do Paraná por considerar a pena excessiva e que teria havido equívoco nos quesitos analisados pelos jurados. Teixeira e Fernandes prometem entrar com recurso para anular mais uma vez o julgamento pelo fato dos jurados terem ignorado provas dos autos. Já o advogado de acusação, Dálio Zippin Filho, adianta que a defesa não pode fazer uma segunda apelação pelo mesmo motivo. O período em que Smolarek está preso na Penitenciária Central do Estado, em Piraquara, desde 12 de abril de 2001, será abatido da condenação final.

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A família de Luciana acompanhou todo o julgamento, que teve 11 horas de duração. "O que temos passado é terrível e isso vai continuar para o resto da vida. Perdi minha filha em uma morte estúpida. Nunca vamos aceitar isso", desabafa Maria Judite Ribeiro dos Santos de Paula. "Eu quero que ele [Smolarek] continue pagando pelo que ele fez", acrescenta. Luciana já tinha dois filhos quando se casou com o professor e, quando morreu, estava grávida de três meses do primeiro filho do casal.

Depois de um mês de casados, Luciana e Smolarek viajaram para o Chile. O professor teria contratado um seguro de vida para a mulher no valor de US$ 250 mil e acredita-se que a morte teria sido planejada para que ele ficasse com o dinheiro. A moça foi morta a golpes de taco de beisebol, e o corpo foi abandonado em um matagal. Smolarek fez a queixa do desaparecimento da mulher e retornou ao Brasil, onde negou a autoria do crime. Ele ainda tentou conseguir um habeas-corpus falsificando um documento. A confissão veio à tona em uma carta que ele enviou para a mãe quando estava preso.