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Decisão

Professora da USP pró-aborto e crítica ao governo é vetada por Ministério à vaga na OMS

Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde disse que o perfil da professora "não era adequado para a função" (Foto: Arquivo/Gazeta do Povo)

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O Ministério da Saúde recusou o nome da professora de Ética da Faculdade de Saúde Pública da USP, Deisy Ventura, para o Comitê de Emergências ou Comitê de Revisão do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) da Organização Mundial de Saúde (OMS). A decisão vem sendo criticada por entidades de saúde e ciência como um "boicote ideológico".

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O nome de Ventura, segundo informações da Folha, foi sugerido pela OMS e já tinha sido aprovado pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas), braço da OMS na América Latina, conhecida pelo seu ativismo pró-aborto. Faltava apenas um aval do Ministério da Saúde. Na última quarta-feira (28), a professora foi "desconvidada" pela OMS e soube que o seu nome havia sido vetado pelo ministério.

A Gazeta do Povo entrou em contato com a pasta para saber o motivo da recusa do nome da professora e a assessoria respondeu: "O Ministério da Saúde foi consultado sobre a indicação da profissional e considerou que não era o perfil adequado para a função".

A pesquisadora ainda não se manifestou sobre a decisão do MS e nem respondeu a perguntas da reportagem. Pelas redes sociais, desde a decisão, Deisy vem compartilhando uma série de mensagens críticas à recusa do governo Bolsonaro.

Uma das mensagens é da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC): "a SBPC protesta contra a atuação do governo brasileiro que, agindo na contramão dos interesses de nosso país, recusa apoio à ilustre cientista, professora Deisy Ventura, para compor um dos mais importantes comitês técnicos da Organização Mundial de Saúde (OMS)".

Em nota, a Congregação da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo subscreveu a manifestação conjunta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), denunciando um suposto "boicote" imposto pelo Ministério da Saúde à indicação de Deisy.

"As instituições manifestam repúdio à atuação do governo brasileiro que, agindo na contramão dos interesses de nosso país recusa apoio à ilustre cientista", disse a USP.

Quem é Deisy Ventura?

Como professora titular de ética da Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP), Deisy Ventura coordena o programa de pós-graduação em saúde global e sustentabilidade, e também leciona no programa de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da USP.

Caso indicada, a professora integraria um comitê na OMS que trabalha na prevenção internacional de graves riscos à saúde pública. Durante a pandemia, Deisy defendeu o isolamento e não mediu críticas ao governo Bolsonaro, chegando a dizer que existiria uma "estratégia federal de disseminação do vírus". "O que aconteceu no Brasil é um crime contra toda a humanidade e não pode se repetir, nunca mais e em lugar algum", escreveu a cientista em uma publicação.

Em uma entrevista à CBN, em 16 de janeiro de 2021, ela confirmou a tese: "Atos normativos ao longo da pandemia evidenciam que o governo federal trabalhou contra as medidas de isolamento para não afetar a economia. Além disso, fez propaganda para o tratamento preventivo claramente ineficaz", afirmação desmentida por recentes pesquisas.

Além da oposição ao governo, a professora também defende o aborto, crime rechaçado por 70% dos brasileiros. "Quem pode, paga clínicas seguras; quem não pode, toma remédios atrozes ou paga aborteiros/as - mas para defender a desgraça das segundas. E encerro lembrando que se homem engravidasse, nós sequer estaríamos tocando nesse assunto. Jamais o aborto seria crime", escreveu em uma publicação com a imagem de uma tirinha que a mulher escolhe não dar continuidade a uma gravidez.

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