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Duas professoras foram vítimas no final da tarde desta quarta-feira (23) de um seqüestro-relâmpago, quando saíam da Escola Municipal Tereza Canhadas Bertan, no Conjunto União da Vitória (Zona Sul), um bairro pobre de Londrina, no Norte do estado. As professoras perceberam movimentação de pessoas estranhas e acionaram a Polícia Militar pelo telefone 190, mas foram informadas que não havia viatura disponível, naquele momento, para fazer o atendimento. Nesse mesmo horário, o governador Roberto Requião (PMDB) encerrava na cidade a conferência sobre policiamento comunitário e afirmava aos jornalistas que o "aumento do número de policiais não significa o aumento da segurança".

As duas vítimas, que pediram para não ser identificadas, foram reféns de três homens, um deles armado, por cerca de uma hora enquanto dirigiam por estradas de terra nos distritos da Cidade. Elas foram deixadas no Jardim Vivendas do Arvoredo, bairro também da Zona Sul, mas distante do ponto do seqüestro. O trio abandonou o carro, cruzou a Rodovia Celso Garcia Cid e entrou num ônibus de transporte urbano. As professoras não foram feridas, mas os ladrões levaram talões de cheques e outros pertences pessoais das professoras. O trio foi preso nesta quinta.

Depois do assalto, a direção da escola cancelou as aulas da quarta-feira à noite e as de quinta-feira. As professoras dizem que só voltam para a escola quando a sua segurança for garantida pela polícia. Na manhã desta quinta, os alunos que chegaram para as aulas foram dispensados pela zeladora, que era a única funcionária que apareceu para trabalhar.

A violência já estava sendo pressentida pelos funcionários no meio da tarde da quarta-feira. Uma mãe de aluno teria avisado que pessoas suspeitas estavam rondando a escola. As professoras então ligaram para a Secretaria Municipal de Educação e foram orientadas a chamar a polícia e deixar a escola todas juntas e de carro.

As nove professoras do turno da tarde se dividiram em cinco carros. O comboio foi parado pelos três rapazes, que aparentavam ser adolescentes, quando passava por uma estrada de terra que liga bairro à rodovia PR 445, principal via de acesso ao bairro. Segundo relato das vítimas, o primeiro carro conseguiu passar e o segundo teve que parar sob a mira de um revólver. O restante dos carros deu marcha-ré e voltou para a escola. Desesperadas, as professoras pediam para moradores chamarem a polícia. "Ficamos por uma hora sem saber o que fazer e como estavam nossas colegas", disse uma das professoras que estava no comboio e conseguiu fugir.

Os três bandidos colocaram as duas professoras no banco de trás e rumaram para a rodovia, mas foram alertados com sinais de luz de outros motoristas para uma blitz policial. Eles então seguiram por uma estrada rural, que corta diversos distritos. Nervosos, os três rapazes discutiam muito entre si sobre o que fazer, enquanto um deles mantinha a arma apontada para uma das professoras.

A suspeita era que eles estavam interessados no carro, pois o principal comentário era sobre o valor de R$ 800, que eles teriam que pagar. Os marginais também preocupados com uma possível perseguição pela polícia. "Eles brigavam muito e um deles só dizia que queria descer", contou a professora.

Segurança

A secretária de Educação, Carmen Baccaro Sposti, recebeu as professoras na manhã desta quinta e logo depois participou de uma reunião com o comandante do 5.º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Marcos de Castro Palma.

Carmem Sposti afirmou que é necessário tomar medidas para controlar a situação no bairro, para que os professores possam voltar para as salas de aula. "Temos que ver o que fazer até o final do ano letivo e depois pensar numa alternativa para o ano que vem", disse.

O comandante não conversou com a imprensa. Segundo o assessor de comunicação da PM, tenente Ricardo Eguedis, as medidas de segurança serão tomadas em conjunto com a comunidade. Segundo ele, a falta de atendimento à chamada feita pelas professoras será investigada. "Temos que ver se realmente houve um mau atendimento à chamada feita", disse.

Eguedis negou que a realização do congresso de policiamento comunitário, que reuniu centenas de policiais militares, tenha prejudicado as rondas e o trabalho de prevenção ao crime na quarta-feira. "Tínhamos policiais de diversas cidades da região e não somente de Londrina. O serviço de quinta foi normal".Mas segundo informações recebidas de policiais militares pela reportagem do Jornal de Londrina, todos os PMs teriam sido "convidados" a comparecer o evento durante todo o dia.

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Veja em vídeo as imagens da escola e dos assaltantes

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