Após um mês de paralisação, os professores do câmpus Curitiba da Universidade Federal do Paraná (UFPR) voltam às salas de aula nesta quarta-feira (16). Nas unidades da UFPR em Palotina, Jandaia do Sul, Pontal do Paraná e Matinhos, as atividades começam em 21 de setembro. Apesar do retorno, o cenário para os estudantes é de incerteza, uma vez que os servidores técnico-administrativos permanecem em greve e o prédio da Reitoria segue ocupado por universitários.
Confira imagens da volta às aulas na Reitoria
De acordo com o vice-presidente da Associação dos Professores da UFPR (Apufpr), Luís Allan Künzle, a paralisação dos funcionários tem impacto no funcionamento dos laboratórios, bibliotecas e transporte intercampi (ônibus exclusivo e gratuito para os estudantes da UFPR que circulam entre diferentes unidades da universidade). Já o reitor da Federal, Zaki Akel Sobrinho, afirma que a ocupação da Reitoria, onde funciona a unidade financeira da instituição, impede o pagamento de bolsas aos alunos e o repasse a fornecedores e prestadores de serviços.
Justiça marca audiência para discutir desocupação do prédio da Reitoria
Segundo o despacho de juiz da 4.ª Vara Federal de Curitiba, a medida é uma tentativa de evitar o emprego de força policial desnecessária; objetivo é buscar acordo entre as partes
Leia a matéria completaNa última quinta-feira (10), a pró-reitoria de Administração da UFPR comunicou o fechamento temporário dos restaurantes universitários. Conforme a universidade, a medida foi consequência da paralisação dos funcionários do serviço de limpeza, que não receberam seus salários devido à invasão do prédio da Reitoria, em 31 de agosto, por cerca de 200 alunos. “Estamos negociando com as empresas para evitar uma crise social, mas nem todas têm capital de giro para fazer o pagamento dos funcionários por conta própria”, afirma Zaki Akel. Responsável pelos serviços de limpeza da UFPR, a WWServ Serviços e Obras Ltda. informou que os funcionários voltaram ao trabalho na segunda (14). Conforme o Sindicato dos Empregados em Empresas de Asseio e Conservação do Estado do Paraná (Siemaco), a empresa está há cerca de três meses sem repasses da universidade.
Para Luís Allan Künzle, a comunidade universitária passa por uma situação inusitada, pois os professores voltarão a trabalhar enquanto o corpo discente estará em greve. Ainda segundo ele, bibliotecas e laboratórios devem continuar fechados, porque os servidores estão parados desde 29 de maio. A reitoria da universidade, por sua vez, minimiza os impactos da paralisação e considera que a greve dos funcionários não vai interferir nas atividades acadêmicas. “Toda greve é setorizada, localizada, ocorre de forma mais forte em alguns setores. Tanto que poucas bibliotecas estavam fechadas. Num prazo de uma semana devemos retomar a normalidade”, projeta o reitor.
Calendário
Uma pauta foi encaminhada pelos professores ao Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da UFPR com sugestões para a reposição das aulas. Um dos pedidos é que as férias de janeiro sejam mantidas e a retomada das aulas ocorra em fevereiro – solicitação rechaçada pela reitoria. “Embora o calendário seja prerrogativa do conselho, vamos sugerir manter as férias em janeiro. Com certeza teremos de avançar por dezembro e janeiro”, afirma Akel. O retorno dos professores ao trabalho foi aprovado em assembleia na última sexta-feira (11), com 374 votos favoráveis, 171 contrários e 15 abstenções.
Estudantes terão problemas para acompanhar atividades acadêmicas
A estudante Francine Resende, do 4.º ano do curso de Informática Biomédica da UFPR, considera que o retorno dos professores ao trabalho acontece no momento errado. Segundo ela, alguns universitários terão dificuldades de acompanhar as atividades acadêmicas por causa do atraso nas bolsas e do fechamento de restaurantes universitários (Rus), entre outros problemas. “Eu e as outras meninas que moram na Casa da Estudante usamos o RU central, mas ele está fechado há dois meses ou mais por causa da greve dos servidores. Na semana passada, o restaurante do Centro Politécnico também fechou, e desta vez a justificativa foi de que a ocupação da reitoria impediu o pagamento de servidores terceirizados”, afirma.
Francine recebe uma bolsa-permanência de R$ 400, mas o repasse está atrasado. “A bolsa deveria ter sido depositada até o quinto dia útil do mês e não saiu até hoje. Como comecei a fazer estágio, pego muito ônibus e está complicado. Além disso, gasto mais com alimentação, porque o RU está fechado”, diz.
Membro do Comando de Greve Estudantil, Alexandre Peres Arias afirma que culpar a ocupação do prédio da Reitoria pelo atraso nos pagamentos é uma estratégia política da administração da universidade. “Há cerca de uma semana, representantes da ocupação divulgaram nota dizendo que permitiriam a entrada de membros da reitoria para a realização dos pagamentos. Mas eles nos disseram que não fariam isso por questão de princípios. Não é nada mais do que uma estratégia para jogar a comunidade contra os estudantes”, avalia.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora