Categoria decidiu aderir à paralisação nacional.| Foto: Carlos Emori Junior

Depois de uma manhã de discussão em Maringá, os professores da rede estadual de ensino decidiram entrar em greve a partir de 15 de março, seguindo a recomendação de movimento nacionais que estabeleceram essa data como marco para as paralisações da categoria no Brasil. As propostas de parar as atividades já no dia 15 de fevereiro, quando está agendado o início do ano letivo, ou interromper o trabalho a partir do dia 22, foram derrotadas na assembleia. Com isso, as aulas devem começar na quarta-feira e governo e professores ganham mais tempo para a negociação, para que cheguem a um acordo que evite a greve.

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A assembleia começou por volta das 9h40, com a presença de aproximadamente 3 mil professores. A categoria reclama de uma série de medidas tomadas pelo governo do Paraná, como a redução da hora-atividade, o sistema de distribuição de aulas (com prejuízo a servidores que se afastaram da atividade por motivo de doença ou para cursos de aperfeiçoamento) e também o atraso para o pagamento do reajuste salarial prometido pelo governo e posteriormente alterado.

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A secretária estadual de Educação, Ana Seres, informou que, caso haja paralisação, o governo pretende descontar dos salários os dias parados. Em nota, o governo do Paraná lamentou a decisão, “que prejudica mais de um milhão de alunos da rede pública estadual e suas famílias. As últimas paralisações deixaram prejuízos próximos a cem milhões de reais, em contratações de temporários para reposição, merenda estragada e transporte escolar fora do período letivo tradicional”.

A escolha do dia 15 de março para o início da paralisação é baseada em um assembleia realizada em janeiro pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que decidiu pela realização de uma greve nacional da categoria. Entre as reivindicações está a posição contrária à reforma da Previdência e a exigência do pagamento do piso salarial em todos os estados. Já no Paraná, as principais reclamações são a data-base do reajuste salarial, que foi adiada, e a redução da hora-atividade (tempo que os professores têm para preparar aulas e corrigir trabalhos e provas), que passou de sete para cinco horas a cada 20 horas de trabalho. A modificação causou problemas na distribuição de aulas, com profissionais que precisaram se dividir entre várias escolas e outros que não conseguiram aulas. Há ainda reclamação sobre as penalidades sofridas pelos professores que se afastaram das salas por problemas de saúde ou mesmo para treinamento.

A data de 15 de março foi defendida pela diretoria da APP-Sindicato. A proposta é tentar, nos próximos dias, organizar mobilizações para pressionar o governo a revogar as medidas que desagradam os professores. Outras duas opções foram debatidas na assembleia, sendo uma de um grupo de Foz do Iguaçu, que defendia a paralisação a partir de 15 de fevereiro, data do início das aulas. A alegação é que a data de 15 de março estaria muito distante e que as ações deveriam ser imediatas. Outra proposta, trazida por um grupo de Curitiba, defendia a paralisação a partir dia 22 de fevereiro, incluindo aulas de 30 minutos na primeira semana e conversa com professores, alunos e pais para informá-los sobre a paralisação.

A proposta vencedora alegou que, deflagrado o estado de greve, seria o primeiro recado para o governo. De acordo com Hermes Leão, presidente da APP Sindicato, a partir da aprovação do estado de greve, serão escolhidos representantes da entidade nas escolas para facilitar a comunicação da categoria. “Todos os anos fazemos estas escolhas e esses escolhidos vão transmitir a nossa revolta com as medidas tomadas pelo governo de distribuir de forma desigual as aulas e aumentar de 50 para 60 minutos o tempo de aula, além de outros direitos que nos foram retirados.”

Leão ainda afirma que serão realizadas ações desde a primeira semana de aula e caso o governo retire direitos dos professores, a greve será deflagrada imediatamente. “Se nos retirarem mais direitos, vamos paralisar de imediato”. Para o professor Boanerges Elias, os políticos consideram a educação um gasto. “Estamos vivendo um momento muito delicado para a nossa categoria. As condições de trabalho não eram boas e estão piorando cada vez mais, infelizmente os nossos representantes não enxergam a educação como um investimento, então para economizarem, acabam cortando gastos.”

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