O rumo da greve dos professores do Paraná será definido nesta terça-feira (5) em assembleia marcada em Curitiba, no estádio da Vila Capanema, às 14h30. Governo estadual e APP-Sindicato, entidade que representa os educadores, aguardam a deliberação para discutir como será o calendário escolar de 2015, já afetado com a paralisação de fevereiro e março e que durou 29 dias. A atual greve já tem uma semana. Mais cedo, às 11 horas, uma reunião entre o governo estadual e os sindicatos dos servidores discutirá a data-base geral, assunto que pode servir de combustível para que outras categorias deflagrem paralisações (leia mais nesta página).
De acordo com Luiz Fernando Rodrigues, diretor de comunicação da APP-Sindicato, os diretores estão sendo pressionados pelo governo estadual a registrar a ausência dos professores. “O problema é que se os diretores lançarem as faltas, haverá o desconto no salário e os professores não são obrigados a fazer reposição de aulas. O maior prejudicado é o aluno”, disse.
Na semana passada, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), afirmou que os professores terão desconto salarial nos dias de greve. O Executivo se apega a uma liminar assinada no último dia 27 pelo desembargador Luiz Mateus de Lima, do Tribunal de Justiça do Estado. Em seu despacho, ele determina o retorno dos professores às salas de aula sob pena de multa diária de R$ 40 mil ao sindicato. O magistrado também define uma multa diária de R$ 500 ao próprio presidente do sindicato, Hermes Silva Leão. O sindicato prepara recurso judicial.
A reportagem solicitou na manhã de segunda-feira (4) uma entrevista com o secretário estadual da Educação, Fernando Xavier Ferreira, mas não houve retorno. Na semana passada, de acordo com informações da assessoria de imprensa da Seed, Ferreira disse que não era possível definir como será feita a reposição das aulas, pois isso dependeria da duração do movimento dos educadores.
Ainda de acordo com a assessoria, o secretário avalia que o calendário escolar sofrerá “danos irreparáveis”. “A greve anterior já prejudicou muito o calendário escolar. Os jovens, principalmente aqueles que estão concluindo agora o ensino médio, podem ser prejudicados de uma maneira muito difícil de sanar. Sem dúvida os mais afetados são os estudantes que farão o Enem e vestibular”, afirmou.
A semana
A greve foi retomada no último dia 27 e ao longo da semana os professores acompanharam do lado de fora da Assembleia Legislativa a votação do projeto de lei que modifica o fundo de previdência dos servidores do estado. O dia mais emblemático foi a quarta-feira (29), quando mais de 200 manifestantes ficaram feridos depois da repressão da Polícia Militar, que utilizou balas de borracha e bombas de gás. O caso, que ganhou repercussão internacional, foi duramente criticado por entidades e a violência empregada gerou a abertura de uma investigação no Ministério Público do Paraná.
O projeto de lei foi sancionado por Richa na quinta-feira, a despeito de um parecer do Ministério da Previdência, que ainda não opinou sobre as modificações propostas na Paranaprevidência.
O sindicato dos professores estuda pedir a anulação da lei sancionada ou a suspensão da sessão do Legislativo que resultou na aprovação do projeto de lei.