Ao menos cinco sindicatos do Paraná já decidiram aderir à mobilização nacional organizada por centrais sindicais para o próximo dia 15 de março. A ação deve ser sustentada, sobretudo, por educadores de todo o país, que aproveitam a data para iniciar uma greve por tempo indeterminado. Por enquanto, já é certo que os protestos terão apoio de trabalhadores vinculados aos sindicatos dos servidores estaduais da saúde do Paraná (SindSaúde), dos metalúrgicos da grande Curitiba (SMC), dos servidores públicos municipais (Sismuc) e da Polícia Civil (Sinclapol). As reformas trabalhista e da Previdência são o foco principal das atividades previstas, embora as categorias também devam reivindicar pautas específicas.
Os professores da rede estadual vão unir à pauta nacional o pedido para que o governo do Paraná volte atrás na decisão de reajustar a hora-atividade da categoria. A resolução que alterou a distribuição das aulas foi derrubada por uma decisão liminar confirmada em segunda instância nesta segunda-feira (6). “Vamos ir para a rua pela questão da jornada da hora-atividade e também pela não punição de professores que ficam doentes. É uma ilegalidade atacar o direito à saúde”, disse o presidente da APP Sindicato, Hermes Leão.
Segundo o professor, a mobilização dos docentes no dia será reforçada por caravanas vindas de todas as partes do estado. A concentração será na Praça Santos Andrade, no Centro de Curitiba, a partir das 9 horas.
Assim como os docentes, os metalúrgicos também já definiram que vão cruzar os braços no Paraná na data. “Essa proposta de reforma, se for aprovada do jeito que está, será um grande retrocesso para o Brasil. Ninguém vai conseguir se aposentar”, declara Sérgio Butka, presidente do SMC. A paralisação, contudo, deve ser de apenas um dia.
Uma assembleia marcada para esta quinta-feira (9) deve definir como será a mobilização por parte dos policiais civis,observa o presidente do Sinclapol, André Luiz Gutierrez. Até o momento, não está descartada a possibilidade de a categoria paralisar os serviços dia 15.
Já os trabalhadores ligados a serviços de saúde gerenciados pelo governo estadual não vão parar. O Sindsaúde, sindicato que os representa, diz que vai haver mobilizações com trabalhadores de folga, sem desfalcar equipes. Eles também devem incluir reivindicações próprias ao protesto, como propostas para o reajuste previsto para o fim de março.
Transporte pode parar
Outras quatro categorias ainda vão decidir nesta semana sobre a adesão ao protesto nacional ainda nesta semana. Uma deles é dos motoristas e cobradores de ônibus de Curitiba e região metropolitana, que desde esta segunda está fazendo assembleias individuais com trabalhadores para debater sobre os protestos. Ao todo, 5,8 mil funcionários de sete empresas já decidiram apoiar a causa. Mas é somente após o fim de todas as assembleias que a entidade vai decidir que tipo de mobilização irá fazer.
Bancários, os trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba e os professores da rede municipal de ensino também fazem assembleias sobre o protesto dia 15 de março nesta semana. Os professores municipais, inclusive, podem entrar em greve por tempo indeterminado nesta data. Na pauta deles, entram o reajuste salarial e a implantação do plano de carreira.
Mobilização em outros estados
Não é apenas no Paraná que professores vão estender os protestos marcados para a quarta-feira da semana que vem. A Confederação Nacional do Trabalhadores em Educação (CNTE) orienta uma greve do setor para todos os estados, numa briga contra a reforma da Previdência - vista como prejudicial pela categoria. Até esta quarta (8), estados como Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Bahia já haviam dito sim à proposta
O Distrito Federal também vai aderir ao movimento. No Piauí, os trabalhadores da área decidiram suspender no fim do mês passado a greve que estava em vias de sair do papel para endossar a paralisação da próxima semana.
Já no Rio de Janeiro, a rede estadual fará uma paralisação de 24 horas. Rio Grande do Sul e São Paulo fazem nesta quarta-feira (8) assembleias para discutir a possibilidade.
“Vamos parar para mostrar a posição dos trabalhadores e trabalhadoras da educação contra a reforma da Previdência. A partir do dia 15 de março, a educação não trabalha”, diz Heleno Araújo, presidente do CNTE, no vídeo de convocação à paralisação da classe.
A reforma da Previdência, que está no epicentro das manifestações, está sob análise de comissão especial na Câmara dos Deputados, em Brasília, e é uma das tratativas mais importantes do governo de Michel Temer (PMDB). O projeto pretende, entre outros pontos, fixar idade mínima de 65 anos para a aposentadoria e elevar o tempo mínimo de contribuição de 15 anos para 25 anos.
Professores, que hoje se encaixam em uma regra especial de aposentadoria, por causa do desgaste reconhecido da profissão, seriam integrados à regra geral, precisando de, no mínimo, 65 anos para se retirar dos trabalhos.
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