O comando de greve dos professores e dos servidores técnico-administrativos das instituições federais de ensino superior criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por receber apenas os reitores para negociar o fim da greve nacional, em uma reunião marcada para esta segunda (10), às 9h30.
Lula convocou os dirigentes das instituições para tentar destravar a paralisação que começou ainda em abril e afeta pelo menos 62 instituições. A expectativa é de que ele apresentará aos reitores um aumento do orçamento de custeio e o reforço das verbas para investimentos em obras.
O Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), que representa mais de 70 mil professores no país, criticou a convocação de apenas uma parte dos integrantes das instituições.
Jennifer Webb, primeira tesoureira do Andes, disse que “não vão ser os reitores e reitoras que vão nos tirar dessa greve. O que vai encerrar essa greve é um processo de negociação justo que a gente reivindica e é somente a base que vai deliberar sobre isso”. A declaração foi dada em uma audiência no Senado na semana passada.
Para ela, a atitude de Lula ao convocar apenas os reitores foi vergonhosa. “Infelizmente, vergonhosamente, o governo e o presidente Lula estão atendendo a Andifes e o Conif como convidados e sequer receberam as entidades representativas das categorias em greve”.
O Andes argumenta que o governo federal tem priorizado entidades como a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) para discussões sobre o futuro das universidades, enquanto os professores, que estão em greve, não foram incluídos nas conversas.
Gustavo Seferian, presidente do Andes, reforçou a crítica, alegando que o governo não mostrou, desde o início do mandato, qualquer sinalização de recomposição orçamentária ou aumento de investimentos nas universidades federais.
“Caso tenhamos anúncio nesse sentido na segunda, por certo será resultante da greve”, pontuou.
O Ministério da Gestão e Inovação (MGI) informou que, no momento, não há condições de atender à reivindicação dos professores de um aumento salarial de 3,69% ainda em 2024, além dos 9% já previstos para janeiro de 2025 e de 5,16% para 2026.
“A proposta do Andes é possível financeiramente porque não requer um grande montante de recursos para ser atendida e nem mesmo ruptura com as regras do arcabouço fiscal. Para atender a uma das reivindicações importantes da categoria, como a reposição em 2024 da inflação dos últimos doze meses, seriam necessários cerca de R$ 580 milhões, dos quais ao menos 27,5% retornariam imediatamente aos cofres do governo na forma de arrecadação tributária”, disse Irenísia Oliveira, do Comando Local de Greve da Universidade Federal do Ceará (UFC).
A previsão de investimentos pode ser uma tentativa do governo de atender parcialmente as reivindicações dos grevistas, sinalizando uma preocupação com a melhoria das condições de trabalho e infraestrutura nas universidades, mas sem comprometer o orçamento imediato com aumentos salariais.
A próxima rodada de negociações entre os professores e o MGI está marcada para a próxima sexta (14), no Ministério da Educação (MEC), onde as partes devem discutir possíveis soluções para o impasse.
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