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Professores vão às ruas por salário

Docentes da rede estadual pedem aumento de 25,97% mais inflação. Governo promete reunião com sindicato

Manifestação dos professores no centro de Curitiba reuniu 5 mil pessoas e começou na Praça Santos Andrade | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Manifestação dos professores no centro de Curitiba reuniu 5 mil pessoas e começou na Praça Santos Andrade (Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo)

Cinco mil professores foram às ruas de Curitiba ontem para reivindicar melhores salários para a categoria. Na pauta estava um aumento de 25,97% mais a reposição anual da inflação, de cerca de 4%. O reajuste não foi garantido pelo governo estadual, que prometeu apenas uma reunião entre o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP) e a Secretaria de Estado do Plane­jamento para analisar o orçamento destinado ao setor. Segundo o sindicato, cerca de 95% das escolas não tiveram aulas.

Hoje, um docente paranaense pode ganhar R$ 1 mil para uma jornada de 40 horas, enquanto o piso nacional é R$ 1,3 mil. Além do respeito ao piso nacional, a categoria ainda pede a equiparação salarial dos professores com os demais servidores estaduais que têm curso superior.

Em todo o país, professores protestaram e pediram a implementação do piso salarial nacional da categoria. O benefício já está aprovado há mais de um ano, mas alguns governadores não o pagam. Representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) tiveram uma audiência com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir a constitucionalidade do piso nacional. Para os docentes, os governadores não implementam o benefício porque argumentam que a lei ainda está sendo analisada.

Nomeações

No Paraná, apesar da possível negativa em relação ao reajuste, os professores tiveram vitórias com a mobilização. O governo estadual anunciou a nomeação de 2,2 mil docentes e 2,3 mil funcionários que haviam passado em concursos públicos. Eles devem assumir os cargos até o fim do mês. A admissão vai ajudar a solucionar a defasagem destes profissionais nas escolas.

Para a presidente da APP, Marlei Fernandes de Carvalho, a manifestação de 5 mil pessoas é uma prova de que a categoria está unida e vai reivindicar seus direitos. A professora de História Rosângela Souza é um exemplo do grau de mobilização dos docentes. Ela veio de Telêmaco Borba, distante quase 200 km da capital, somente para o protesto. Durante a mobilização, as ruas da região central ficaram paradas. Os manifestantes saíram da Praça Santos Andrade e seguiram em caminhada até o Palácio das Araucárias, no Centro Cívico.

Defasagem

Professores estaduais têm cada vez menos vantagens por ter curso superior no Paraná, segundo a Associação Paranaense de Administradores Escolares (Apa­­de). A diferença de ganho salarial entre um professor com curso superior e um normalista (profissional habilitado para dar aula de 1.ª a 4.ª série) era de 82% em 1976. Hoje é de 42%.

O presidente da entidade, professor Izaías Ogliari, afirma que os docentes vêm sofrendo um achatamento na remuneração. "O salário base (piso), de acordo com a Lei Complementar de 1976, era exatamente igual a três salários mínimos. Um normalista ganharia cerca de R$ 1,5 mil para 20 horas. Hoje está muito abaixo disso", afirma. Para Ogliari, a falta de remuneração adequada é uma das principais causas dos problemas da educação no estado.

Um estudo realizado há um ano e meio pelo Dieese, a pedido da Gazeta do Povo, mostrou que os professores paranaenses ainda recebiam o mesmo salário de 1988. Na década de 80 os docentes recebiam dois salários mínimos, o equivalente em valores atualizados a R$ 648,80. Em 2008, a remuneração inicial para 20 horas era de R$ 696,18.

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