Como ajudar
As doações podem ser feitas de duas maneiras:
Com abatimento do imposto de renda:
A legislação brasileira permite que pessoas físicas destinem até 6% do imposto de renda devido para doação. Pessoas jurídicas podem destinar até 1%. A doação é feita para os Fundos para a Infância e Adolescência (FIA) e projetos sociais cadastrados nos Conselhos Municipais e Estaduais dos Direitos das Crianças e Adolescentes. Os valores são integralmente deduzidos do Imposto de Renda Devido.
Como fazer:
1. Selecione uma instituição que esteja cadastrada nos Conselhos Municipais e Estaduais dos Direitos das Crianças e Adolescentes. Para obter esta informação você pode acessar os sites http://criancaquerfuturo.curitiba.pr.gov.br/; http://www.familia.pr.gov.br/ (acesse o link Fundo da Infância e Adolescência (FIA) no menu do lado esquerdo).
2. A doação pode ser feita a partir do pagamento de um boleto bancário que será gerado ou por meio de um depósito. Guarde os comprovantes para acrescentar a doação à declaração de imposto de renda.
3. O doador deve optar pela declaração completa do imposto de renda. A doação pode ser feita até o dia 31 de dezembro.
Diretas, sem abatimento:
Fazer doações, mesmo que não haja possibilidade de renúncia fiscal, é uma ótima alternativa para ajudar as instituições. Além do dinheiro, o doador pode acompanhar as atividades da instituição. Basta buscar a organização e realizar a doação.
Serviço:
Para mais informações de como doar, acesse www.impostosolidario.org.br; www.erastogaertner.com.br; www.hpp.org.br/doe ou ligue (41) 3310-1080.
O fim do ano é um período de apreensão para organizações do terceiro setor, já que nesta época muitos projetos são encerrados e o desafio da captação de recursos ressurge. Para fechar as contas "no azul", muitas instituições fazem jantares, bazares beneficentes e investem em publicidade para obter doações por meio do imposto de renda. Aos poucos o setor está se profissionalizando e a sustentabilidade financeira já é um horizonte possível para grande parte das ONGs.
Durante a década de 70 e 80, as organizações do terceiro setor brasileiro receberam auxílio de entidades financiadoras estrangeiras. A realidade econômica do país era diferente da atual e não existiam muitas alternativas nacionais para a captação de recursos. Gerente de programas do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) grupo que reúne os maiores investidores sociais do país , André Degenszajn explica que houve financiamento externo principalmente para ONGs que atuavam com a defesa de direitos humanos e democracia, em função da ditadura militar vivida no Brasil.
Com o processo de redemocratização e melhoria nos indicadores econômicos, muitos órgãos financiadores passaram a atuar no continente africano, com projetos de combate à pobreza e acesso à saúde. O entendimento era de que as ONGs brasileiras poderiam atingir a sustentabilidade financeira com parcerias dentro do próprio país. A partir dos anos 90 começa um movimento para efetivar o investimento privado nacional, como o surgimento do Gife em 1995, por exemplo.
Heterogêneo
Degenszajn explica que o terceiro setor não é homogêneo e congrega a existência de grandes fundações com patrimônio e recursos próprios até pequenas entidades com orçamento limitado e trabalho voluntário. Ele conta que as instituições que dependiam exclusivamente de financiamento externo foram as que mais sofreram na última década.
O Gife investiu em 2010 R$ 2 bilhões, mas apenas 20% de todo este recurso foi destinado para a doação. "Ainda há baixa tradição de doação por parte do setor privado. Há uma lacuna de financiamento que não é totalmente preenchida por investidores sociais nacionais", afirma Degenszajn.
As alternativas para a sustentabilidade financeira passam desde a criação de grupos de doadores individuais até a geração de recursos por meio de produtos ou serviços ofertados. O Greenpeace, que não aceita doações de empresas e governos, consegue sobreviver com doações individuais regulares.
Profissionalização
Coordenadora do Núcleo Interdisciplinar de Estudos sobre o Terceiro Setor da Universidade Federal do Paraná, Ana Lucia Jansen de Mello de Santana afirma que deve haver uma mudança de paradigma nas instituições do terceiro setor em relação à sustentabilidade financeira. A figura do captador de recursos, que aparece "profissionalizada" nos anos 2000, precisa ser estendida a todas as instituições. "Com capacitação e foco, esse profissional adquire credibilidade com o apoiador, cativando-o para novas doações", diz Ana Lúcia.
Após dez anos, hospital recebe 86 vezes mais
Em Curitiba, o Hospital Pequeno Príncipe tem mais de 90 anos de história e conquistou muitas vitórias neste tempo, mas foi somente em 2000 que a entidade passou por uma reformulação e conseguiu se tornar um dos grandes casos de sucesso do terceiro setor brasileiro. O maior indicador dos bons resultados é a verba arrecadada com captação de recursos. Há dez anos a média era de R$ 174 mil anuais. A expectativa é que 2011 termine com R$ 15 milhões.
Em 2000, o hospital se preparava para a realização de um dos maiores congressos de pediatria do país e precisava contatar patrocinadores para o evento. Ety Cristina Forte Carneiro, filha da fundadora da Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro mantenedora do Pequeno Príncipe , foi chamada para ajudar. "Na hora percebi que as pessoas viam o hospital como uma referência, mas não sabiam sobre a complexidade do atendimento e nem que não visamos lucro", diz Ety Cristina. A partir deste momento, ela iniciou um trabalho de relacionamento com a comunidade para difundir as boas ações da instituição.
A reestruturação focou na elaboração de projetos para diversos grupos de relacionamento do hospital. Com a diversificação, aumentaram as fontes de financiamento, de doações continuadas de pessoas físicas a doações únicas, passando por doações de empresas e relacionamento com o poder público para a elaboração de emendas ao orçamento.
O desafio para o Pequeno Príncipe ainda é grande, já que 70% dos atendimentos são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que gera uma defasagem de 40% no orçamento de cerca de R$ 85 milhões anuais. O hospital faz 300 mil atendimentos ambulatoriais por ano, 26 mil internações e 13 mil cirurgias. Ety Cristina faz questão de ressaltar que as crianças atendidas pelo SUS recebem os mesmos procedimentos que uma criança atendida pelo plano de saúde. Com o dinheiro obtido pelas doações, a entidade conseguiu construir um prédio e mobiliar quatro andares, além de oferecer tratamento humanizado para os pequenos pacientes, que têm atividades escolares e culturais no hospital.
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Interatividade
Como o terceiro setor poderia utilizar melhor a internet para captar recursos?
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