As ciclovias de Curitiba devem entrar em processo de revitalização no próximo semestre. A rede deixou de fazer parte do setor de Mobiliário Urbano do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e passou para o setor de Transportes estratégia que nasceu de uma exigência do Plano de Mobilidade Urbana de Curitiba e Região Metropolitana, programa a ser instalado no prazo de um ano com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Uma das políticas é o incentivo a meios de locomoção saudáveis e não-poluentes, como as bicicletas.
Há três anos, o Ippuc considerou a primeira possibilidade de restaurar a ciclovia e chegou a elaborar estudos preliminares. Sua extensão ultrapassa 160 quilômetros, formando a maior malha nacional, estimada em míseros 200 km. O engenheiro Clever Ubiratan Teixeira de Almeira, assessor de Projetos Especiais do Ippuc, adianta que a tendência não é desativar trechos, mas ampliar a rede. Um dos projetos acalentados pela prefeitura é um trecho de oito quilômetros no Contorno Sul, em paralelo à Avenida Juscelino Kubitschek. "Há demanda de trabalhadores na região", explica Clever.
A rede de ciclovias de Curitiba nasceu com pouca afinidade com os trabalhadores, pois as primeiras unidades ligavam parques. Outra característica, o uso partilhado com calçadas, não facilita a vida de quem precisa de agilidade para chegar ao emprego.
Estimativas feitas para o ano 2000 apontavam 10,7 mil usuários da ciclovia nos dias de semana e 15,6 mil aos sábados e domingos. Como de lá para cá a capital ganhou 200 novos mil habitantes, é provável que nos fins de semana a ciclovia receba até 18 mil passantes, cerca de 1% da população da cidade. Um desempenho longe do ideal, considerando a urgência para diminuir o número de automóveis nas ruas.
Iniciar-se no uso da ciclovia exige empenho por parte do ciclista ou caminhante. Nas áreas nobres da cidade, a sinalização e a conservação da malha é boa. Na área central ou próxima a grandes parques, como o Barigüi, as condições são semelhantes, mas o trânsito moldado para automóveis não cede passagem aos ciclistas. Nos bairros mais populares é mais comum encontrar trechos mal-sinalizados, agravante para que está de primeira viagem, e vias espremidas nas calçadas, cheias de ondulações, como acontece na Rua Antônio Escorsin, no São Braz.
Deficiência
A Gazeta do Povo identificou 11 trechos em que o usuário deve se perguntar "que fim levou a ciclovia" e 15 em que o tráfego é perigoso, seja por causa da grande quantidade de carros ou pela possibilidade de ser assaltado. Há, por exemplo, dois pontos mal-sinalizados na Avenida Wenceslau Braz; o conjunto da movimentada Avenida Brasília, no Novo Mundo; e a Francisco Derosso, quando se aproxima do Alto Boqueirão. Não há como saber se ainda se está na via.