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Caso de sucesso

Programa paranaense facilita a vida dos deficientes visuais

 | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
(Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

O sociólogo paranaense Fernando Botelho, cego desde os 17 anos por causa de uma doença chamada de retinose pigmentar, decidiu em 2006, facilitar o dia a dia dos deficientes visuais. Ao reparar como os preços dos computadores pessoais tinham baixado e o dos leitores de tela subido em dez anos, ele teve a ideia de criar um aplicativo que lê o conteúdo disponível na tela do monitor. Assim nasceu o F123.

“[Com o programa] crianças e adultos cegos ou com baixa visão conseguem usar computadores de forma eficaz em sua escola ou emprego a um preço que é de 10 a 50 vezes inferior ao de soluções convencionais”, conta Botelho, que completa “o negócio social F123 , é responsável por uma solução de inclusão digital completa para pessoas com deficiência visual”.

Em 2008, após dois anos de trabalho à noite e aos fins de semana, os fundadores do F123 (Botelho e a mulher Flávia) começaram a demonstrar o protótipo do programa. No ano seguinte, uma fundação baseada no Principado de Liechtenstein apoiou o desenvolvimento da primeira versão do aplicativo. Dois anos depois, o F123 ganhou o prêmio do Banco Interamericano de Desenvolvimento. Também em 2010 foi lançada a versão em espanhol e inglês do programa.

Uso

Cleverton Barros tem deficiência visual há 19 anos e conta que usa o F123 há quatro anos. “Como a minha visão foi muito afetada, preciso usar um leitor de tela obrigatoriamente. E a grande dificuldade é que os leitores de tela são pagos e caros, com o F123 eu tenho um pendrive e posso usar em qualquer computador, sem precisar instalar na máquina. O bacana é que não é apenas um leitor de tela, é um sistema operacional completo”, detalha Barros.

Para Botelho, o F123 é uma estratégia de intervenção em grande escala para melhorar as oportunidades educacionais e de emprego de pessoas com deficiência visual.

“São típicos os projetos que nunca saem da etapa piloto por falta de cuidado com o desafio da escala. Este é um projeto desenvolvido não só por uma equipe que entende sobre deficiência visual, mas também uma que conhece as realidades sociais e financeiras de países em desenvolvimento”, afirma. (WB)

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