Curitiba – Oitenta reais. Equivalente a um conjunto de roupa? Um jantar? Parece pouco, mas faz diferença no orçamento familiar da dona de casa Andréa Aparecida dos Santos, de 31 anos, mãe de três filhos e residente na Vila das Torres. Desde 2003 ela recebe a quantia do programa Bolsa-Família, do governo federal. O marido, o carrinheiro José Wilson Roberto Pereira, de 38 anos, ganha de R$ 40 a R$ 50 por semana com a captação e venda de papel jogado fora. "Ajuda bastante, dá para comprar um remédio ou uma roupa", diz Andréa, agradecida.

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Mesmo assim, a atitude não é tão bem vista por pesquisadores acostumados a estudar a pobreza. "Como uma medida paliativa, acho os programas assistenciais válidos, mas não estou vendo em paralelo a atuação de programas de regastes sociais efetivos, como educação e saúde", diz a economista do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Maria Luíza Marques Dias, que atualmente participa de uma pesquisa envolvendo beneficiados de programas sociais do governo. A economista ressalta que enquanto não for investido em educação, dificilmente o Brasil deixará de ser um país assistencialista. "Está provado que quanto antes a criança começar a estudar, quanto antes ela começar a ser treinada, melhor será seu desempenho na escola. Com o assistencialismo, corremos o risco de formar uma legião de acomodados, que esperam do governo algo para sobreviver, quando na verdade deveriam estar sendo criadas oportunidades de emprego", diz Maria Luíza.

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