Maior obra rodoviária do governo federal no Paraná, com custo de R$ 233,4 milhões, a segunda ponte entre Brasil e Paraguai deve tirar da Ponte Internacional da Amizade, que liga Foz do Iguaçu a Ciudad del Este, o peso de ser um freio ao desenvolvimento. Palco de congestionamentos, falta de segurança, protestos e de contravenções, a ponte inaugurada há 49 anos está no limite. Hoje é rota diária para aproximadamente 17,8 mil veículos e 42,7 mil pessoas.
O contrato para a construção da nova ponte internacional foi assinado no dia 3 de julho, em Foz do Iguaçu, entre o governo federal, por meio do Departamento de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o consórcio Construbase/Cidade/Paulitec, vencedor da concorrência pública. A obra será bancada inteiramente pelo Brasil com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
Chamada provisoriamente de "Ponte da Solidariedade", a estrutura, que começou a ser planejada por autoridades brasileiras e paraguaias em 1992, será construída em três anos. O consórcio vencedor tem até três meses, a partir da assinatura do contrato, para apresentar o projeto. A proposta inicial é fazer da ponte uma via exclusiva para o trânsito de caminhões. Para isso, um acesso de 14,7 quilômetros entre o bairro Porto Meira, em Foz, e a BR-277 será construído. A decisão, no entanto, ainda depende de negociações.
Insegurança
Moradores da fronteira esperam que a segunda ponte desafogue a atual e não atraia os mesmos problemas. Um deles, o crime. Apesar de ser batizada com o nome "amizade", a via é com frequência local de assaltos, latrocínios e acidentes de trânsito. O contrabando e o descaminho são praticados à luz do dia. Daí surge outro nome, popular, Ponte da Muamba. Diante da fiscalização ineficaz, caixas de mercadorias são lançadas, por meio de cordas, pelas grades de proteção deterioradas.
À pista trincada e esburacada somam-se o aspecto sujo e a falta de sinalização. As muretas, baixas, projetadas no passado, resultaram em uma notificação do Ministério Público Federal, por não atenderem aos padrões atuais de segurança. Também facilitam a prática de suicídios.
Congestionamentos
Para o presidente do Centro de Importadores e Comerciantes de Ciudad del Este (Cicap), Chariff Hammoud, a segunda ponte é a esperança dos comerciantes e de todo Paraguai. Hoje, muitas pessoas deixam de cruzar a fronteira em razão do congestionamento da via. Motoristas ficam até duas horas na fila, o que traz implicações para uma região de natureza turística. "Com a nova ponte, as aduanas vão melhorar os controles e facilitar a ida e vinda. Quem vem passear não quer se incomodar. O Mercosul vai poder começar a funcionar. Mercosul é integração", diz.
A fim de driblar os gargalos no lado paraguaio, a prefeitura de Ciudad del Este precisou estabelecer horários específicos para circulação de determinados veículos. Caminhões de carga só podem passar pela ponte das 17 às 6 horas. Assim, não complicam mais ainda a vida dos moradores e turistas, segundo o diretor de Trânsito da prefeitura, Carlos Florenciañez.
Local da nova construção é questionado
A construção da nova ponte já recebe questionamentos. A Fundação Iguassu e a Tecton Arquitetura Planejamento Urbano Ambiental Edificações e Incorporações questionam, por meio de interpelação pública, o local escolhido para a estrutura. A área, segundo o arquiteto Nilson Rafain, é considerada zona turística, de acordo com o Plano Diretor de Foz do Iguaçu. Rafain propõe a construção da ponte 720 metros após o início do Rio Paraná, apenas para veículos leves, para se distanciar da área turística do Marco das Três Fronteiras, e não a cerca de 300 metros, conforme o projeto.
A Fundação Iguassu está solicitando ao Parlamento do Mercosul que atue como mediador nas discussões. O Parlamento aprovou, em março de 2010, um parque turístico que envolva o Marco das Três Fronteiras do Brasil, Paraguai e da Argentina, afirma Rafain.