Uma das maiores ONGs de estudos sobre câncer de mama do mundo, a Fundação Susan G. Komen For The Cure, disponibilizou US$ 300 mil para uma pesquisa da Uni-versidade de Alabama, em Birmingham, com posterior aplicação de medidas para a redução da enfermidade em Curitiba. O apoio se mostra importante, principalmente pela alta incidência da doença na capital: 77,9 atingidos a cada 100 mil habitantes. A média brasileira é de 52 mulheres por 100 mil e a do Paraná, de 56,7. O projeto conta com a parceria da Pontifícia Universidade Católica (PUC), da Secretaria Municipal de Saúde, da Associação Amigas da Mama e da Clínica Paciornik.
De acordo com a médica do programa Viva Mulher, do Centro de Epidemiologia da Prefeitura, Regina Celi Piazzetta, a incidência de câncer entre as curitibanas se deve a dois motivos. "Os centros grandes e desenvolvidos têm mais casos de câncer diagnosticados, mas ainda não se sabe a razão. E, também, porque o diagnóstico é realizado com maior freqüência", diz.
O objetivo do projeto é identificar os motivos pelos quais as mulheres, principalmente as de baixa renda e com baixa escolaridade, não fazem os exames preventivos do câncer de mama. "Apesar de ainda não sabermos os resultados, temos duas suposições principais: a falta de informação e a demora para se conseguir uma mamografia", aponta Isabel Scarinci, pesquisadora da Divisão de Medicina Preventiva da Universidade do Alabama e uma das responsáveis pelo projeto.
Para se obter as informações comportamentais sobre a população, a pesquisa desenvolverá um questionário com base em um bate-papo realizado entre pacientes que se recuperaram do câncer de mama, mulheres que realizam a mamografia e mulheres que não fazem o exame. "Esse momento é uma espécie de estágio cultural, para entender as necessidades de quem vive em Curitiba. Não adiantava trazer um questionário pronto dos Estados Unidos", explica a pesquisadora. As discussões devem ser realizadas nas Unidades de Saúde próximas às áreas onde vivem essas mulheres.
Em fevereiro de 2009, o questionário deverá estar finalizado e pronto para ser preenchido por um número ainda indeterminado de mulheres. O planejamento do projeto indica que, em julho do ano que vem, já se saberá qual o pensamento e as principais razões para a não-realização dos exames. "Com isso, aliamos teoria e prática. E podemos efetivamente determinar as melhores formas de se chegar a essas mulheres", esclarece Isabel.