Um projeto de lei que defende a reserva de 80% das vagas abertas nos vestibulares das universidades estaduais para paranaenses ou candidatos que residam há pelo menos um ano no estado promete gerar polêmica na Assembléia Legislativa. A proposta é do deputado Antonio Belinati e está em análise na Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia.
Na análise de João Carlos Gomes, reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e presidente da Associação Brasileira de Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), o projeto não terá utilidade. Na UEPG e na Universidade de Londrina (UEM), a porcentagem de paranaenses matriculados nos cursos de graduação varia entre 70% e 90%. Na UEPG, dos 1.562 calouros deste ano, só 91 são de fora do estado. Já na UEL, 70% dos 13,9 mil alunos matriculados são paranaenses ou moram em Londrina.
Belinati desconfia dos números. "Na nossa ótica, o percentual de alunos de fora é bem maior", diz. O deputado acredita que muitos estudantes fixam residência na cidade por menos de três meses, por conta dos cursos pré-vestibulares. "O Estado investe na universidade e depois não há retorno, pois os alunos que vêm de fora retornam a seus estados."
"Forasteiros"
Na UEPG, o curso de Jornalismo está entre os que mais recebem "forasteiros". Dos 42 matriculados no primeiro ano, 30 vieram de fora. Natália Moreira Eloy, estudante do último ano, se encaixa neste perfil. Ela veio de Ourinhos (SP) e considera a proposta "ridícula". "Assim como tem gente do Paraná que vai para São Paulo, tem gente de São Paulo que vem para cá", afirma.
Para o historiador Niltonci Chaves, o projeto é inconstitucional. "O vestibular já é um processo de seleção. Acho essa proposta completamente fora de propósito", critica Chaves, que concluiu seu mestrado no interior paulista e atua no Paraná. "Se o projeto for aprovado, junto com ele pode acontecer um efeito dominó, pode haver reações de outros estados, até mesmo na pós-graduação".
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