Um grupo teatral que reúne jovens atores brasileiros, angolanos e filhos de angolanos, moradores de comunidades carentes do Rio de Janeiro, deu início nesta sexta-feira (13) as apresentações da peça Prevenção é a Solução. A iniciativa, que faz parte do projeto Maré de Saúde, tem o objetivo de alertar o público jovem carioca sobre a necessidade do uso do preservativo como forma de se prevenir contra gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis, como a aids.

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De acordo com o mobilizador social Sérgio Carlos de Barros, da Organização Não-Governamental Ação Comunitária, o espetáculo usa uma linguagem direta para falar sobre o cotidiano típico dos jovens e adolescentes. A ONG é responsável pelo projeto, em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

"Informação todos têm, a grande ausência é orientação. Então, por meio do teatro, buscamos quebrar paradigmas e promover um diálogo sem apelação, mas mostrando como no dia a dia as pessoas estão vulneráveis. Muitas vezes, por causa do preconceito e dos tabus que criamos, eles acabam não se preocupando e valorizando seu corpo", destacou.

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Segundo ele, outro aspecto importante relativo iniciativa é a aproximação promovida entre as duas culturas, do Brasil e de Angola. Barros acredita que a troca de informações e experiências entre os jovens dos dois países acaba construindo uma realidade bastante rica.

"Esse encontro de identidade traz à tona a importância de conhecermos um pouco da história dos dois países, que têm tantos laços de irmandade. Os jovens brasileiros aprendem a valorizar a cultura de parte dos nossos ancestrais, que vieram da África como escravos, e os angolanos que aqui vivem se sentem um pouco mais brasileiros com essa aproximação, disse.

Para Tamires Nery, de 13 anos, filha de angolanos, a experiência está sendo muito divertida. Ela diz se orgulhar de ser a protagonista da montagem.

"Estou gostando bastante. Fiz novos amigos e aprendo coisas novas a cada ensaio. Além disso, encaro tudo com muita responsabilidade, afinal sou a personagem principal, o que é muito importante", disse a menina, que mora na comunidade da Maré zona norte do Rio, onde vive grande parte de refugiados migrantes originários de Angola. Em todo o país, são cerca de 1,7 mil angolanos que chegaram a partir do fim da década de 80, em função da guerra civil que atingia o país.

Já a brasileira Raquel Andrade, de 14 anos, moradora da comunidade da Rocinha, na zona sul do Rio, conta que o que mais gostou sobre a cultura angolana, desde que começou a participar do projeto, foi aprender a dançar a tarrachinha. "Parece o nosso pagode, mas tem que dançar coladinho", explica.

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A partir da próxima semana, os atores do projeto Maré de Saúde vão apresentar a peça Prevenção é a Solução em diversas escolas da rede pública e em centros sociais e de saúde ligados rede municipal do Rio.