Flagrantes
O Superior Tribunal de Justiça editou uma súmula (nº 492) que limita a internação de menores de 18 anos apreendidos por tráfico de drogas. A medida, que serve de orientação para os juízes, deve diminuir o número de internações desses adolescentes. A internação só poderá ocorrer quando o "ato infracional for praticado com violência ou grave ameaça e quando houver reiteração criminosa; ou descumprimento repetido de medida disciplinar anterior".
Guarda flagra usuários em praça e ciclovia
A Guarda Municipal apreendeu pequenas porções de maconha e haxixe, e três cachimbos usados para o consumo de crack, ontem à tarde, na Praça Eufrásio Correia, Centro de Curitiba. Foram abordadas 25 pessoas, mas ninguém foi encaminhado para a delegacia porque não houve flagrante. Os entorpecentes foram encontrados no chão da praça. Seis viaturas e seis motos participaram da operação, com um total de 18 guardas. Também foi feita uma "ciclopatrulha" na ciclovia que vai do Jardim Botânico até o Bosque do Papa. Um trio que fumava maconha foi abordado e liberado em seguida. Quatro guardas municipais participaram dessa operação.
As operações ocorreram depois que a Gazeta do Povo flagrou, na semana passada, o uso e o tráfico de drogas nas imediações de importantes prédios públicos da capital, como a prefeitura e a Câmara Municipal.
Uma comissão formada por médicos, juristas, pesquisadores e representantes de entidades apresentou à presidência da Câmara dos Deputados, ontem, um pré-projeto de lei que pretende descriminalizar o uso das drogas. A proposta transforma o uso de todas as drogas (hoje classificado como um crime, mas sem prisão prevista) em infração administrativa, desde que a quantidade apreendida seja para um consumo de até dez dias.
A quantidade máxima de cada droga deve, segundo o texto, ser definida pelo governo em regulamentação posterior. Em Portugal, por exemplo, a quantidade máxima para a maconha é de 25 gramas, segundo Pedro Abramovay, diretor de campanhas do site Avaaz, que colheu mais de 100 mil assinaturas para esse pré-projeto.
De acordo com Abramovay, a ideia é trazer para o Brasil o modelo adotado em Portugal há mais de dez anos, em que o usuário pego com drogas não é levado pela polícia, mas sim encaminhado para uma comissão de médicos e juristas que define multa ou advertência e um possível encaminhamento para atendimento médico.
Ele argumenta que a Lei de Drogas (n.º 11.343) foi mudada em 2006 com o objetivo de reduzir o número de pessoas detidas ao permitir que o usuário não fosse preso. Mas, como a lei manteve o uso como crime e não definiu quantidades, continua ele, os usuários passaram a ser classificados como traficantes. "Hoje, se você é pobre, é traficante. Se é rico, é usuário. Pela primeira vez, a droga é o crime que mais prende no Brasil. Passamos de 62 mil presos em 2006 para 125 mil em 2011", diz.
Uma proposta na mesma linha foi fechada pela comissão de juristas que propôs neste ano a reforma do Código Penal ao Senado. Lá, segundo Abramovay, a ideia era descriminalizar quantidades para até cinco dias, mas não havia a proposta de uma comissão para avaliar caso a caso.
Consumo
Abramovay argumenta que nos países que descriminalizaram o uso não houve aumento de consumo. "Não é a legalização, a liberação. Podem ficar absolutamente tranquilos, não é uma medida que aumenta o consumo. Permite que se trate melhor o doente."
O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, que encabeça a Comissão Brasileira Sobre Drogas e Democracia, admite que o país, hoje, não tem estrutura adequada para tratar todos os usuários de drogas, e diz que esse não pode ser um impedimento. "Temos que nos preparar para atender", opina.
A proposta foi apresentada ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), que disse que colocaria a proposta no e-democracia, site oficial da Casa que promove debates.
Segundo Abramovay, a expectativa é que um projeto de lei seja apresentado entre o final do ano e o início do próximo por um grupo de deputados. A iniciativa é encabeçada pelo deputado Paulo Teixeira (PT-SP), integrante da comissão.
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