Há quatro anos tentando se aproximar da comunidade, o projeto Povo policiamento ostensivo volante da Polícia Militar ainda não conseguiu atingir o seu objetivo, pelo menos em Curitiba. Um dos motivos é que o policial que faz as visitas na comunidade é o mesmo que atende as ocorrências. Isso dificulta o contato tanto com moradores como com comerciantes, o que seria o diferencial do trabalho da polícia comunitária, isto é, promover a troca de informações na área de segurança.
Na prática, o projeto Povo cobre toda a cidade. Cada um dos 75 bairros é atendido 24 horas por dois policiais militares que usam uma viatura específica para esse tipo de serviço. Eles levam o telefone celular que é divulgado para a população e no futuro terão ainda um palmtop pequeno computador de bolso em mãos para registrar os atendimentos on-line.
A Polícia Militar (PM) já visitou um terço dos cerca de 450 mil imóveis existentes em Curitiba. No entanto, a sensação de parte da população é que após a entrega da cartilha do projeto Povo e do número do telefone celular, o policial só voltou para atender ocorrências. Mas os moradores deveriam ajudar a Polícia Militar a definir ações para melhorar a segurança de seu bairro pelo menos era assim no plano inicial apresentado à sociedade.
Segundo Walter Cezar, presidente do Conselho Comunitário de Segurança da Cidade Industrial de Curitiba (Conseg da CIC), o projeto Povo teve um bom início, boa aceitação, mas o contingente da polícia não é suficiente para atender o seu objetivo. "O policial militar acaba não tendo contato com a população, como era previsto", afirma.
Já Daisy de Lara de Souza, presidente em exercício do Conseg do bairro Cajuru, diz que sempre foi bem atendida por telefone, mas que era muito difícil um policial atender as ocorrências no seu bairro. "A situação melhorou depois que conversei com o comandante, mas a sintonia com a comunidade não existe", conta.
A reportagem da Gazeta do Povo percorreu os bairros Cajuru, Uberaba, Boqueirão, Seminário, Tatuquara, CIC, Portão e Boa Vista para ouvir a opinião da população sobre o projeto. A maioria das pessoas entrevistadas diz que já recebeu a visita dos militares, anotou o número telefone e recebeu a cartilha, mas não conhece o policial do seu bairro. Outros reclamam que o atendimento é demorado.