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Plátanos e eucaliptos, espécies exóticas, fazem parte da paisagem do Bosque do Papa, em Curitiba | Henry Milleo/ Gazeta do Povo
Plátanos e eucaliptos, espécies exóticas, fazem parte da paisagem do Bosque do Papa, em Curitiba| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

As vilãs

Principais espécies de plantas invasoras exóticas que prejudicam a mata nativa nos bosques e parques de Curitiba:

• Pínus;

• Eucaliptos;

• Alfeneiro;

• Pau-incenso;

• Amora;

• Uva-do-Japão.

Fonte: Semma.

Um projeto pretende fazer um diagnóstico sobre a mata nativa em 22 parques e bosques de Curitiba. O objetivo é mostrar também o efeito maléfico para a flora local das plantas exóticas invasoras. O projeto da Fundação Boticário, coordenado pela bióloga especialista em botânica Raquel Negrelle, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), começou neste ano e deve encerrar em três anos com um mapa dos danos, com o tamanho da infestação e programa de conservação para o município.

Segundo a Fundação, essas áreas protegem 313 hectares ou 5% dos remanescentes de floresta com araucária da cidade. As invasões biológicas de espécies exóticas são consideradas a segunda maior causa de perda da biodiversidade no planeta. No caso de ilhas, por exemplo, é a primeira.

Em razão disso, conhecer focos de invasão para agir o quanto antes, controlando o ecossistema dessas regiões, é fundamental para não perder mata nativa e preservar até extinções de animais e plantas. O maior problema encontrado nestes locais é a intervenção humana, que acaba proliferando alguma vegetação, na maior parte das vezes, com boa vontade, mas também com falta de informação. "Essas plantas invasoras acabam agravando a supressão da vegetação natural", afirma o coordenador de Ciência e Informação da Fundação, Emerson Oliveira.

Para Oliveira, ações como essa são essenciais para sociedade dar conta do trabalho de conservação ambiental. Segundo ele, o município ou o estado acaba não dando conta do trabalho de preservação. Por isso, projetos como o da Fundação Boticário auxiliam e preenchem uma lacuna necessária. Por conta dessa demanda e o interesse em comum, a Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar) e o município são parceiros do projeto.

A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), que participa da pesquisa, poderá, com o diagnóstico completo do problema nos parques e bosques, programar um plano de manejo nestes locais. Segundo a diretora do departamento de produção vegetal da Semma, Érica Mielke, o grupo de trabalho do projeto já tem visitado os bosques e parques para avaliar as espécies.

Érika lembra que essas plantas bloqueiam, em muitas circunstâncias, que a mata nativa siga crescendo. Além disso, animais que se alimentariam de frutos da vegetação local acabam por perder seu meio de vida. "Isso é muito prejudicial. Um passarinho que se alimenta de um determinado fruto pode ser muito afetado. As espécies invasoras podem até causar uma extinção", afirma Érica.

Restauração ambiental é fundamental, diz especialista

Para a presidente do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, Silvia Ziller, substituir as espécies exóticas invasoras pela mata nativa é fundamental para concluir o processo de preservação. Ela ressalta que para reestabelecer o ecossistema é preciso reconstruí-lo com a vegetação natural do local.

Segundo Silvia, algumas espécies como o pau-incenso bloqueiam a germinação de novas araucárias. Esse efeito já foi constatado pela própria prefeitura em algumas ações do passado. "Esses locais acabam virando florestas temporárias, já que as árvores velhas morrem e não nascem as novas", explica.

Ela lembra que, embora o quadro de devastação seja lento, pode causar um dano grande. "Em um ecossistema, todas espécies têm vínculos entre si", ressalta. Além disso, o impacto no solo causado pelas espécies invasoras é muito mais danoso do que a nativa.

Solução

O Instituto Hórus integra um comitê estadual sobre controle das invasoras, criado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O IAP tem trabalhado para alertar os municípios sobre essas espécies. Silvia também lembra que Curitiba já tem realizado a remoção com ações coordenadas pela Semma há algum tempo.

Além disso, Silvia ressalta a importância de sempre divulgar quais são as principais invasoras que prejudicam a mata nativa. "O município pode também proibir plantações, orientar mais e vistoriar floriculturas (para que não venda essas espécies), por exemplo", explica.

A aparição das invasoras tem ligação direta com a ação comercial. Segundo Silvia, 85% das espécies exóticas invasoras que chegaram ao Brasil foram trazidas em razão de alguma atividade comercial.

Serviço

Mais informações sobre espécies exóticas invasoras podem ser procuradas no site http://www.institutohorus.org.br/.

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