Derivada do latim angelus, a palavra anjo carrega o significado de mensageiro. No projeto “Anjos do Bem”, de Curitiba, anjos de tecido, confeccionados por centenas de voluntárias, têm como missão levar a mensagem da esperança a pessoas em tratamento contra o câncer. A iniciativa, criada há dois anos pela artesã Mariah Rodak, 50 anos, resultou, só em 2015, na entrega de 1,4 mil anjos para pacientes de oncologia. Neste ano, a meta é, no mínimo, manter esse número. As doações estão previstas para acontecer durante as ações do Outubro Rosa.
Especializada em bonecas de tecido, Mariah decidiu iniciar a campanha depois que entregou um anjo de Natal ao tio, que estava internado na UTI. Ele tinha câncer no pulmão e já estava descrente quanto a um possível progresso no tratamento. “Receber o anjo foi algo que ajudou a motivá-lo a acreditar na sua melhora. Depois disso, tive um ‘estalo’ e comecei a campanha”, comenta a artesã.
O primeiro passo foi um curso online para ensinar o artesanato a pessoas dispostas a abraçar o projeto. A ideia era que, ao invés de pagar as aulas para a artesã, os alunos enviassem os anjos pelo Correio depois de prontos. “Pessoas de vários estados e até de Portugal fizeram as aulas e mandaram os anjos”, relata Mariah. Paralelo a isso, ela montou workshops em ateliês parceiros de Curitiba e uma oficina permanente, no salão de festas de um condomínio no bairro Novo Mundo.
Hoje, a ajuda para o projeto vem de diversas formas. Há as voluntárias que participam dos workshops e, ao final da aula, doam os anjos para a mobilização; voluntárias que ajudam a ensinar as alunas dos workshops; empresários que cedem espaços de seus ateliês; fabricantes que doam materiais; e amigos que ajudam a divulgar a iniciativa. “Já não consigo totalizar quantas pessoas estão envolvidas. O projeto foi abraçado por muita gente. É muito bonito ver o brilho nos olhos de quem recebe os anjos”, pontua a artesã, ao enfatizar que a intenção é levar acolhimento aos pacientes. “É uma forma de levar carinho, renovar as esperanças deles”, define.
No ano passado, os anjos foram doados para pacientes de 40 instituições, entre hospitais e salas de quimioterapia. Parte da entrega foi registrada pela tevê e sensibilizou também quem assistiu a iniciativa.
A aposentada Guiomar Zagonel, 85 anos, procurou saber mais sobre o “Anjos do Bem” depois de ver uma destas reportagens. “Eu e minha filha começamos a procurar onde era o curso. Gostei muito da proposta”, diz ela. A colega de turma, Marilu Georgina Kaczalowiski, 73, ficou encantada com a campanha. “Achei muito bonito. Em casa, ficamos sem fazer nada. Quis vir ajudar”.
A artesã Solange Meri Felício Chiumento, 53, também chegou ao workshop do “Anjos do Bem” vendo o projeto pela televisão. No início do ano, acabou se tornando uma das voluntárias que ajudam a capacitar os interessados em confeccionar novos anjos. “Senti necessidade de ajudar de alguma maneira. Também tive familiares que faleceram de câncer”, conta. Para Solange, quem ajuda também é beneficiado pela iniciativa. “Já percebi que algumas pessoas chegam tímidas e depois vão se envolvendo, se soltando. A energia que existe no grupo é fantástica. Volto para casa recarregada depois das oficinas”, observa.
A cada abraçado recebido ao se despedir das participantes, ela afirma que procura se lembrar dos pacientes da campanha. “Imagino a energia boa que estou recebendo e mentalizo essas pessoas”, pontua.
A confecção dos anjos da campanha segue até o final de setembro. Os interessados em colaborar podem obter mais informações através do blog do projeto.