Raphael Frederico Neto quer emprestar objetos de uso pedagógico para escolas públicas| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Interação

Doutor em Educação, o profes­sor da UFPR Ricardo Antunes de Sá explica que os recursos contribuem para compreensão dos conteúdos, desde que sejam contextualizados pelo professor em seu planejamento e ação pedagógica. Ao interagir com os equipamentos, a criança compreende que a tecnologia é uma conquista humana. "Elas podem aprender que esses recursos são fruto do conhecimento das áreas da matemática, química, física, história, e que nós só podemos "progredir" cultural e cientificamente por meio do acervo cultural e científico que a escola procura transmitir e reconstruir no processo de ensino e aprendizagem."

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Como funciona o olho humano? Por mais que a resposta esteja nos livros de ciências, não há aprendizado comparável ao de visualizar o mecanismo interno do órgão e – por que não? – poder tocá-lo. As réplicas, grandes aliadas na educação, estão aí para isso. O alto preço, porém, impede o acesso à maioria das escolas públicas.

Para colocar esse tipo de material à disposição de instituições de ensino, um projeto em Curitiba está em busca de recursos para criar uma espécie de biblioteca onde eles poderiam ser emprestados.

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O Acervo Pedagógico Municipal, projeto premiado pelo Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV), em 2011, foi idealizado pelo gerente de projetos da Universidade Livre do Meio Ambiente (Unilivre), Raphael Frederico Neto, de 33 anos. Educador, ativista da causa ambiental e egresso de escola pública, ele defende que a falta de recursos financeiros não deve ser impedimento para que crianças experimentem o mundo.

O acervo está sendo montado com um orçamento mais que modesto. Quando pode, Frederico Neto compra alguns objetos como as miniaturas de guerreiros de terracota da China, que arrematou em um antiquário. Outras vezes, apela para a criatividade, e da sucata nascem peixes-robôs e até uma réplica de olho humano.

"O olho construí com uma embalagem de desodorante roll-on, um adesivo e um ímã. Um dia, uma menina perguntou onde ela podia comprar. Desmontei para mostrar como era, e ela disse que faria um", recorda.

No orçamento inicial, a montagem de um acervo completo e a logística de empréstimo para as escolas custaria em torno de R$ 600 mil. Valor alto demais para ser patrocinado por parceiros. "Nesse momento, queria só um lugar para centralizar tudo. Depois, com uma Kombi ou caminhão, podemos entregar. Na pior das hipóteses, o professor mesmo pode buscar os objetos", diz.

Embora o foco principal sejam escolas públicas, a intenção é conseguir um financiador, e não contar com verbas do governo. Por enquanto, o tímido acervo – que conta, ainda, com flautas peruanas e artefatos indígenas – fica na casa de Frederico Neto. E o compartilhamento do conteúdo por enquanto é virtual, entre os 1.145 amigos da página "Acervo Pedagógico Municipal", no Facebook, e os 141 membros do grupo "Educando com recurso".

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