Campos gerais
Poder público também mantém iniciativas na área
Algumas iniciativas esportivas voltadas às comunidades carentes partem do poder público. Em Tibagi, nos Campos Gerais, cerca de 1,3 mil alunos de 1ª a 5ª séries têm aulas de tae kwon do uma vez por semana em quadras de escolas municipais. Sem tatame e equipamentos esportivos, os alunos dão um jeitinho. "Fazemos as aulas no piso mesmo e, quando precisa dar chute em raquete, usamos uma bola. Nós vamos improvisando, usando os materiais que existem na escola mesmo", afirma o coordenador do projeto, Marcelo Pereira da Rocha.
Ele diz que ainda não há competidores formados pelo projeto, mas que o objetivo central das aulas é outro: promover cidadania. "Aproveitamos os horários de ócio das crianças e damos a elas a oportunidade de uma formação humana", comenta. Rocha tem contrato até o fim do ano com a prefeitura para ofertar as aulas.
As secretarias de Esporte e de Educação do Paraná devem lançar em abril o programa "Esporte formador". Alunos dos ensinos fundamental e médio das 2.134 escolas do estado vão poder participar de ao menos uma de sete modalidades esportivas, que vão do boxe à esgrima. Os professores de Educação Física serão capacitados, após o lançamento do programa, e criarão núcleos de modalidades esportivas nas escolas. Conforme o coordenador do programa na Secretaria de Esporte, Marco Aurélio Orasmo, a intenção é desenvolver a aptidão para a modalidade esportiva nos estudantes e "formar o cidadão, tirando o garoto da rua". Outro projeto em atividade é o programa "Segundo tempo", do governo federal.
Aos 13 anos, Leonardo Curcel começou a praticar caiaque polo no Ginásio Costa Cavalcanti, em Foz do Iguaçu. Hoje, aos 17, é um dos atletas da seleção brasileira de canoagem slalom e acaba de se classificar para o pré-olímpico na categoria individual. Leonardo tem no histórico uma oportunidade rara no país-anfitrião da Olimpíada de 2016 e da Copa do Mundo de 2014: passou por um projeto social de iniciação esportiva. Amparados por parcerias público-privadas ou pelos próprios moradores, os projetos destacam-se não só pelo incentivo ao esporte, mas por disseminar disciplina e valores éticos entre os jovens.
No Paraná, associações de moradores e clubes oferecem alternativas para adolescentes cujas famílias não podem bancar práticas esportivas para os filhos no contraturno escolar. As iniciativas são uma forma de evitar que crianças fiquem na rua enquanto não estão na escola. E não é só futebol que se oferece: canoagem, vela, beisebol, capoeira e até sumô são usados para a integração social dos jovens.
Algumas iniciativas aliam o esporte ao desempenho escolar. É o caso dos projetos "Meninos do lago" e "Velejar é preciso", ambos realizados no Lago de Itaipu, em Foz do Iguaçu. Desenvolvido pela usina hidrelétrica Itaipu Binacional, em parceria com a Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), o projeto "Meninos do lago" oferece aulas de canoagem a 78 estudantes de escolas públicas. Quem recebe nota vermelha ou reprova é afastado dos treinos, mas pode voltar seis meses depois se o desempenho melhorar.
Cinco atletas da seleção brasileira de canoagem passaram pelo projeto, entre eles Felipe Borges da Silva, 17 anos, e Leonardo Curcel, três vezes campeão sul-americano. "Quando comecei não pensava em ser atleta. Mas depois percebi que era possível e comecei a buscar isso", diz Leonardo. Felipe, além de ter se tornado atleta, melhorou o desempenho na escola depois que passou a frequentar as aulas de canoagem. "O projeto ajudou, porque eu tinha de tirar notas boas. Passei da média de 6.0 para 7.5", diz.
O outro projeto, "Velejar é preciso", mantido pelo Iate Clube Itaipu (ICLI), atende há dez anos alunos de colégios públicos. Um dos destaques é o atleta Allan de Oliveira Gogoy, que tem no histórico 105 títulos conquistados na classe laser.
Resultados pedagógicos
A pedagoga Hilda Dacorreio, do Colégio Estadual Paulo Freire, em Foz do Iguaçu, diz que a prática esportiva no lago dá resultados na escola porque trabalha com a disciplina. "É notório o desenvolvimento, porque os alunos têm certas regras para cumprir", diz. Ela conta que há casos de alunos que mudaram o comportamento depois de frequentar as aulas de canoagem. O estímulo, diz ela, é diferente do de uma aula de Educação Física, já que as crianças não são obrigadas a aderir à atividade e viajam para disputar campeonatos.
Sociólogo e professor da Faculdade Dinâmica das Cataratas, Alex Araújo diz que as iniciativas são importantes. Mas é preciso orientar corretamente os adolescentes, que podem criar expectativas quanto ao desempenho esportivo e acabar não alcançando os resultados esperados. Ele ressalta que as escolas de turno integral podem cumprir um papel semelhante, mas precisam oferecer alternativas além do esporte, como atividades de música, informática e oratória.
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