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Inclusão

Promessa não sai do papel e Vila Torres segue sem apoio

A Vila Torres, onde seis pessoas ficaram feridas no domingo: moradores pedem a presença do estado | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
A Vila Torres, onde seis pessoas ficaram feridas no domingo: moradores pedem a presença do estado (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Anunciado há um ano pela Po­­lícia Militar (PM), o Programa Se­­gurança Social, que aproxima a polícia da comunidade em áreas carentes, com o apoio de entidades sociais que ajudam no desenvolvimento dos moradores, segue sem data definida para ser implantado na Vila Torres, no bairro Prado Ve­­lho, em Curitiba. De acordo com a PM, os policiais que participarão do projeto já foram treinados para fazer o policiamento comunitário. Entretanto, eles não sabem quando passarão a atuar na Vila Torres.

Na tarde do último domingo, a vila foi palco de um tiroteio entre grupos de traficantes rivais que deixou seis feridos. Um menino de 11 anos e um adolescente de 15 estão internados no Hospital Ca­­ju­­ru. No Evangélico está Marcio de Oli­­veira Correia, 20 anos, que le­­vou dois tiros na nuca quando passava de carro pela esquina das ruas Guabirotuba e Sérgio Dudeck, próximo ao portão 3 da Pontifícia Universidade Católica, onde, no momento do incidente, acontecia o vestibular da Universidade Federal do Paraná. Os três seguem estáveis, mas sem previsão de alta.

Se estivesse em ação, o Segu­rança Social – cuja implantação na Torres foi anunciada pela PM na operação policial de novembro de 2008, em que o secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fer­­nan­­do Delazari, chegou a sobrevoar a área de helicóptero –, talvez a realidade hoje fosse outra. O exemplo está na Vila Osternack, no Sítio Cercado, onde o Segurança Social está em ação desde dezembro. De lá para cá, o índice de homicídios na região, um dos mais altos da cidade, com até 14 mortes em um único fim de semana, caiu para a média de um por mês.

Em setembro, quando a reportagem foi conhecer o programa, havia dois meses que ninguém morria assassinado no Osternack. A estação-tubo do bairro, até então a mais assaltada de Curitiba, nunca mais foi alvo dos criminosos. Tudo por conta da aproximação gerada entre os moradores e a PM.

Antes da implantação da polícia comunitária, as polícias Militar e Civil tiraram de ação as principais lideranças do crime no Oster­­nack. Com isso, a PM agregou 45 instituições parceiras do Seguran­­ça Social. São repartições públicas, empresas, igrejas e associações de moradores que colaboram em ações sociais como capacitação profissional, emissão de documentos e entrega de alimentos.

Segundo moradores, hoje não existe policiamento comunitário na Vila Torres. "As viaturas até passam, mas a população não tem con­­tato com os policiais. Eu mesmo não sei o nome dos policiais que trabalham aqui", diz a aposentada Arminda de Faria de Oliveira, 60, que mora há 35 anos na Torres e teve um filho vítima da violência.

Para o eletrotécnico Marcos Eriberto dos Santos, 38 anos, presidente da Associação de Moradores, o maior problema na comunidade não é a violência, mas o estigma. "Aqui somos invisíveis. Quem passa na Avenida não nos vê. Enquan­­to as autoridades acharem que vão resolver a segurança pública com policiais, a situação não vai melhorar. Não precisamos só de polícia, mas de políticas eficazes."

O assistente social Adilson Pe­­rei­­ra de Souza, que criou um projeto que atende 50 crianças da re­­gião, acredita que a discussão so­­bre a implantação da polícia co­­munitária tem de ser feita com a comunidade o quanto antes. "As pessoas têm medo da polícia. É preciso participação para funcionar".

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