Quando a usina nuclear de Fukushima, no Japão, vazou radiação também para o hemisfério ocidental, em 2011, ficou evidente um dos principais aspectos dos danos ambientais: eles não respeitam fronteiras, sejam de países, estados ou municípios. Essa mesma lógica embasa uma decisão do Ministério Público do Paraná o acompanhamento e a investigação de casos de meio ambiente serão feitos de forma integrada, analisando impactos regionais.
Hoje, em Curitiba, será lançada a Rede Ambiental, que organiza promotores em uma nova divisão, a partir de 12 bacias hidrográficas. A coordenadora da Rede, promotora Melissa Cachoni Rodrigues, conta que os principais rios do Paraná foram escolhidos como critérios para a divisão regional porque são exemplos bem evidentes de como os danos ambientais ultrapassam os limites municipais. Ela reforça, por exemplo, que a poluição em uma cidade muitas vezes compromete o abastecimento de água em outra.
O processo de criação da rede teve início efetivo em agosto e se espelha em modelos já adotados no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro, em São Paulo, na Bahia e em Minas Gerais. Atualmente, os promotores de todas as comarcas têm entre as atribuições a responsabilidade de monitorar também as questões ambientais. Com a rede, dois promotores concentrarão as informações e coordenarão as ações em cada regional. Num primeiro momento, haverá promotores designados exclusivamente para as questões ambientais apenas em duas bacias hidrográficas, ainda não definidas. Melissa acredita que, a partir da organização da Rede, a atuação do MP na área ambiental deve ser ainda mais intensificada.
A promotora acredita que as principais demandas ambientais do Paraná envolvem o uso da água. Para Melissa, a contaminação de rios, a geração de energia hidrelétrica, o tratamento de esgoto e escassez são temas que precisam de debate. O caso do sistema Cantareira que deixou a reserva de água em níveis baixíssimos em São Paulo teriam aproximado o problema ambiental da realidade das pessoas. Ela enfatiza que, no decorrer do trabalho, os promotores chegarão a um entendimento mais uniformizado sobre como atuar em algumas situações. A rede será lançada em um evento aberto à comunidade, hoje, no auditório do MP-PR no Centro Cívico, a partir das 13h30.
10 bacias hidrográficas do Paraná estão em situação crítica, com cobertura vegetal abaixo dos 10%, e estão no foco de atenção do MP-PR.