Cinco funcionários da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), empresa responsável pela circulação dos bondes de Santa Teresa, na zona sul do Rio de Janeiro, foram denunciados à Justiça pelo Ministério Público como responsáveis pelo acidente com um bonde ocorrido em 27 de agosto de 2011, que matou seis pessoas e deixou 48 feridos.
O motorneiro Gilmar Silverio de Castro; o coordenador de manutenção e operação dos bondes, engenheiro mecânico José Valladão Duarte; o chefe de manutenção da garagem dos bondes, engenheiro Cláudio Luiz Lopes do Nascimento; e os assistentes de manutenção, os mecânicos Zenivaldo Rosa Correa e João Carlos Lopes da Silva são acusados de homicídio e lesão corporal culposa (sem intenção), por negligência. Os denunciados podem ser condenados a até dois anos de prisão.
Segundo a denúncia, ajuizada pela promotora Janaína Corrêa, o bonde nº 10 entrou em operação por volta das 12 horas do dia do acidente, sendo entregue ao motorneiro Nelson da Silva, um dos mortos no acidente, que o conduziu em diversas viagens durante a tarde. Às 15 horas ocorreu uma batida entre o bonde e um ônibus na rua Joaquim Murtinho. Nelson prosseguiu com o bonde até a estação Carioca, para o desembarque dos passageiros, retornando ao local da batida para a confecção do boletim de ocorrência. Enquanto isso, o primeiro denunciado, o maquinista Gilmar de Castro, assumiu o veículo e deveria conduzi-lo à garagem dos bondes.
Durante o percurso até o Largo dos Guimarães, Gilmar permitiu o embarque de passageiros e percorreu o trajeto padrão. Em vez de levar o bonde à garagem, ele o devolveu ao condutor Nelson. Após a troca de condutores, o sistema de freios do bonde falhou na rua Joaquim Murtinho, resultando no descarrilamento em curva até a colisão com um poste e o tombamento do veículo.
Laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli apontou diversos problemas de manutenção no bonde, sem condições de segurança para os usuários. Os peritos constataram que vários fatores contribuíram para o acidente, o principal deles a falha no sistema de freios do bonde. Dentre os problemas estavam a falta de procedimento de drenagem dos cilindros, o desgaste do compressor e peças remendadas de forma grosseira.
Anotações no livro da oficina de bondes demonstram que o bonde tinha problemas no sistema de frenagem, sendo a frequência dos reparos desproporcional se comparado com a das demais composições. "Os funcionários que trabalham diretamente como mecânicos e principalmente os seus supervisores tinham o dever de retirar de circulação os veículos que não possuíam condições de uso, assim como de informar aos seus superiores da necessidade de equipamentos e investimentos para o regular funcionamento do serviço, fato não verificado", afirma a promotora, em trecho da denúncia.
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