Os nove policiais militares responsáveis pela morte de 12 homens, entre eles três adolescentes, no bairro do Cabula, em Salvador, agiram por vingança. Essa é a tese defendida pelo Ministério Público da Bahia em denúncia oferecida à Justiça nesta segunda-feira (18).
O crime ocorreu em fevereiro deste ano, na véspera do Carnaval. Segundo a polícia, as vítimas eram suspeitas de planejar um ataque a um caixa eletrônico e, ao serem surpreendidas, reagiram e acabaram mortas. Outros seis suspeitos ficaram feridos.
Com base na análise de laudos cadavéricos, do local do crime e dos exames de balística, os quatro promotores que assinam a ação afirmam que o crime teve características de “chacina” e “execução sumária”.
Para os promotores, os policiais agiram para “satisfazer reprovável ódio vingativo” e com “o desprezível intuito de desforra”.
Duas semanas antes dos assassinatos, uma operação da polícia em busca de traficantes de drogas na mesma região acabou malsucedida: ninguém foi preso e o comandante da operação, tenente Ailton Eric Alves, foi atingido por um tiro no pé.
Na avaliação dos promotores, a morte dos 12 jovens foi uma “resposta” premeditada pelos policiais, que teriam armado uma “emboscada” para matar traficantes da região.
“Podemos afirmar que os nove policiais foram para o local para cometer homicídios”, afirmou o promotor David Gallo, responsável pela ação.
O caso ganhou repercussão dentro e fora do país, já que todos os mortos eram negros e só dois tinham passagem pela polícia.
Além da possível motivação de vingança, os promotores apontaram outros indícios de que a ação policial foi previamente planejada.
Um deles seria o fato de que dois dos três veículos que participaram da operação tiveram os aparelhos de GPS desligados no momento dos assassinatos.
Os promotores também questionam o motivo da incursão dos policiais, que alegam ter recebido uma denúncia anônima de um assalto a banco na região.
“Não encontramos justificativas para a incursão ao local. Nem mesmo a denúncia anônima que eles diziam ter recebido foi encontrada”, diz David Gallo.
Para os promotores, a escolha das vítimas foi aleatória, já que foram usadas três metralhadoras na ação, que dispararam cerca de 500 tiros. Juntos, os 12 mortos e seis feridos foram atingidos por um total de 88 disparos.
O Ministério Público alega também que parte dos ferimentos causados nas vítimas indica que houve uma execução: tiros foram dados de cima para baixo e parte das vítimas foram feridas nos braços e nas mãos, numa ação de “cunho defensivo”.
A Promotoria pediu prisão preventiva dos policiais por homicídio e tentativa de homicídio triplamente qualificados. A denúncia ainda será analisada pela Justiça.
O governo da Bahia informou que se manifestará sobre o caso apenas após conclusão do inquérito da Polícia Civil, previsto para 29 de maio.
Na época das mortes, o governador Rui Costa (PT) afirmou que não havia “nenhum indício” de atuação fora da lei dos policiais.
“A polícia [...] tem que ter a frieza necessária para tomar a atitude certa. E para definir a escolha, muitas vezes, não nos resta muito tempo, são alguns segundos. É igual ao artilheiro quando está de frente para o gol”, justificou.
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