O promotor Francisco Cembranelli, responsável pela acusação no julgamento do casal Alexandre Nardoni e Ana Carolina Jatobá, acusados de matar a menina Isabella em 2008, afirmou que vai levar ao júri uma maquete do Edifício London e do apartamento onde a família vivia. Segundo a acusação, pai e madrasta jogaram a criança pela janela.
"Muito difícil o jurado, em qualquer júri, entender olhando uma simples fotografia", explica Cembranelli.
Defesa e acusação intensificam os preparativos para o julgamento do casal Nardoni, que começa na próxima segunda-feira (22). Alexandre e Ana Carolina Jatobá são acusados de matar Isabella, então com 5 anos, em março de 2008 em São Paulo.
O julgamento do casal Nardoni pode durar até quatro dias e trará o depoimento de mais de 20 testemunhas, entre elas policiais, médicos legistas e peritos que trabalharam no caso. Dois depoimentos devem atrair mais atenção: o da delegada Renata Pontes, que comandou a investigação, e o de Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella.
É em uma sala do Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo, que sete jurados vão decidir o futuro do pai e da madastra de Isabella.
O advogado de defesa do casal Nardoni é Roberto Podval, que só perdeu dois dos 15 júris dos quais participou. "Eu estou recluso já há praticamente três semanas me preparando para o júri."
A acusação será feita por Cembranelli, que atuou em 1.077 julgamentos e ganhou mais de mil. "Nesse momento, é mais uma preparação psicológica, física, para enfrentar uma sessão que parece que vai ser longa", disse o promotor ao "Fantástico".
A defesa vai manter a tese de que o pai e a madrasta são inocentes. Logo após a morte de Isabella, em entrevista ao "Fantástico", os dois negaram o crime.
No tribunal onde o casal será julgado, há seus mil pessoas inscritas para participar de júris. Neste caso, 40 pessoas foram sorteadas, 23 mulheres e 17 homens. Os 40 participam de novo sorteio e, conforme o nome é anunciado, promotor e advogado podem recusar, no máximo, três vezes. Ao final, o júri fica com sete pessoas.
Opiniões
O "Fantástico" ouviu dez renomados criminalistas brasileiros, entre eles advogados e desembargadores. A reportagem perguntou a cada um: "Qual é a melhor estratégia que a Defesa e a Acusação do casal Nardoni devem adotar no julgamento?".
Entre as respostas está a importância da escolha dos sete jurados. Eles avaliam que a defesa deve preferir homens solteiros e sem filhos. A acusação deve preferir mais mulheres porque, em tese, elas se comovem mais em casos como o de Isabella.
"Naturalmente participam de julgamentos e tenho aceitado os jurados que são sorteados porque eles atendem uma intimação judicial e merecem todo o respeito", diz o promotor Francisco Cembranelli.
Até o fim do julgamento, os jurados não podem voltar para casa e nem comentar o caso. Ficam isolados no fórum.
O advgado de defesa, Roberto Podval, disse esperar que as pessoas "estejam abertas" para ouvir a defesa. Na semana passada, Podval entrou com recurso na Justiça alegando cerceamento de defesa.
O casal Nardoni
O advogado de defesa disse também que o casal atualmente "vive com a angústia" de quem se prepara para um julgamento". "Mas numa expectativa de que, embora difícil, será possível reverter o caso e absolver o casal", completou.
Se condenados, Alexandre e Ana Carolina saem do julgamento direto para a cadeia. Eles podem pegar, no mínimo, 12 anos de detenção. Quem definirá o tempo é o juiz Maurício Fossem. Se inocentados, podem voltar imediatamente para casa.
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