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Pros lados de Nova Polônia

A VIAJANTE

Vera Vianna Baptista, assistente social, pesquisadora de genealogias paranaense

Curitibana, morou 60 anos em Primeiro de Maio, Norte do Paraná. Em 2012, voltou para a capital, passando a residir no São Lourenço e agora nas Mercês.

DESTINO

Rua Professor João Falarz, s/n.º, para visitar Igreja Santo Antônio de Orleans e o “cemitério polonês”.

DISTÂNCIA PERCORRIDA

9,7 quilômetros

POR QUE CONHECER?

O Orleans é uma das nove colônias polonesas que formavam um cinturão ao redor de Curitiba, já no final do século 19. Terceira a ser fundada, ocupava um lugar estratégico para os imigrantes. Como os demais núcleos, abrigava uma igreja, um cemitério, uma escola e um salão de festas. A escola foi dizimada nos anos Vargas. Apesar das mudanças, o Orleans permite perceber o cotidiano da comunidade e sua organização.

As impressões da pesquisadora Vera Vianna Baptista sobre o Orleans

A Igreja Santo Antônio e o “cemitério polonês” da antiga Colônia Orleans resumem, em pouco mais de uma quadra, a saga da imigração eslava na capital.

+ VÍDEOS

Acho que conheci poucos poloneses na vida”, diz a pesquisadora e assistente social curitibana Vera Vianna Baptista, 87 anos. “Ah, não. Conheceu muitos”, rebate o jornalista e referência em cultura eslava Ulisses Iarochinski. Riem da discussão. Não há na capital quem nunca tenha tido pelo menos um amigo ou vizinho polaco. Vera admite e cede à memória, pondo-se a listar – com sua verve de genealogista (é fina estudiosa das famílias dos Campos Gerais e de Curitiba) os imigrantes e descendentes que conheceu. É o primeiro passo. O segundo é disparar uma lista de perguntas a seu anfitrião – morador do bairro vizinho, o Santo Inácio.

Está na companhia e no lugar certo. O Orleans é como uma sala de aula sobre a imigração polonesa. Figura entre os conjuntos mais bem cuidados dos tempos das colônias, iniciado em 1871. O capão, cortado pela Rodovia do Café, põe em destaque a bem cuidada Igreja de Santo Antônio de Orleans, protegida por uma pequena muralha ornada de lambrequins. Há conjuntos de pinheiros ao fundo e, ao lado, um pequeno cemitério nascido com a colônia. Nas lápides, flores em abundância. E letras o bastante para escrever os longos e complicados sobrenomes eslavos.

Ulisses não se furta da eterna polêmica – “polonês ou polaco?”. Apesar do estigma que carrega o segundo termo, opta por polaco e é com ele que conduz sua explicação sobre o local. Não se furta de personagens como Edmundo Saporski, que em 1869 trouxe 16 famílias da Silésia para as terras de Blumenau. Outra figura chave, ilustra o historiador, é o professor Jerônimo Durski. Entre outros lugares, lecionou no Orleans do final do século 19, protagonizando um dos capítulos mais interessantes da saga – a educação em tempos de colônia. “Até 1947, tudo isso aqui fazia parte do Distrito Nova Polônia”, acrescenta Iarochinski.

À visitante, soma-se a zeladora Mônica Domanski. Tem 60 anos. Desde os 13 frequenta aquele pedaço de chão. “Meu pai ajudou a erguer a Santo Antônio”, interrompe, para depois levar os visitantes até lá. “Como pude passar tanto tempo sem conhecer esse lugar”, avisa Vera, ao pisar pela primeira vez na mais bela das igrejas polacas da capital. (JCF)

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