
Quem faz o que
Veja quais são as responsabilidades de cada parte no programa
Proprietário
Compromete-se a conservar e proteger a área com ações contra a caça, coleta predatória de pinhão, incêndios florestais, entre outras.
SPVS
Apóia tecnicamente o proprietário da área adotada; realiza monitoramento periódico e comunicação entre empresas e proprietários.
Empresa
Libera os recursos para as ações de conservação e proteção da área adotada.
O engenheiro-florestal José Orlando Crema fala com entusiasmo do Sítio Sossego, uma propriedade de 60 alqueires em Bocaiúva do Sul, distante cerca de 75 quilômetros de Curitiba. Ele comprou a área em 1978 e se propôs a plantar mil araucárias por ano. "Meu pai era fã da araucária", lembra. Crema conta que cumpriu seu objetivo e já plantou aproximadamente 30 mil mudas, mas nem todas se desenvolveram. "Hoje tenho mais ou menos 20 mil araucárias no sítio."
Crema diz que poderia ter plantado pínus no sítio, o que hoje lhe garantiria um patrimônio de R$ 10 milhões. Mas ele escolheu a preservação e agora está tendo ao menos um apoio para continuar o trabalho. Desde o fim do ano passado, sua propriedade foi incluída no Programa Desmatamento Evitado da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). Ao todo, 12 áreas já fazem parte do projeto (veja infográfico).
O biólogo Juliano José da Silva Santos, da SPVS, explica que as áreas escolhidas não são compradas, mas recebem apoio. "É feito um termo de cooperação técnico-científico. Nada é averbado. O contrato é de cinco anos e pode ser renovado. Trata-se da adoção de propriedades rurais com áreas bem conservadas de vegetação nativa", conta.
Efeito estufa
Mas quem adota? As empresas que precisam compensar a emissão de gases de efeito estufa. A manutenção de áreas naturais e a proteção contra queimadas e desmatamento evita que os gases sejam liberados para a atmosfera e contribuam com o aquecimento global.
Os recursos das empresas são repassados para a SPVS, que encaminha uma parte do valor para os proprietários das áreas. "No primeiro ano o aporte de recursos é maior porque precisam ser executadas atividades emergenciais. Dá quase o dobro do que nos quatro anos seguintes", explica Santos, da SPVS. "A preservação não dá retorno financeiro. Com o programa nós temos apenas um incentivo", afirma Crema. Depois que o seu sítio foi adotado, ele conseguiu colocar cerca em toda a propriedade. "Foram seis quilômetros de cerca a um custo de R$ 5 mil, o que eu não conseguiria pagar sozinho", completa.
Santos conta que num primeiro momento a SPVS providencia a cercas e placas para identificação da propriedade. Também são construídas trilhas de acesso e de vigilância e é feito o controle das espécies exóticas. Na seqüência são desenvolvidos os planos de manejo das áreas. Atualmente, a única atividade mantida por Crema no sítio, que serve como fonte de renda, é a produção de mel.
Andando pela área, Crema diz que o maior incentivo que recebe vem da natureza que dá retorno, garante ele. O engenheiro-florestal conta que a fauna é abundante no seu sítio e mostra com orgulho uma das cinco nascentes que surgiram na propriedade desde que ele deu prioridade à preservação. "Toda a água que uso aqui nasce no sítio."
Crema mora em Curitiba e trabalha em uma empresa do setor da construção civil. Ele e a esposa costumam passar os fins de semana no Sítio Sossego, local que logo deverá transformado em moradia definitiva do casal.
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Serviço
Os proprietários rurais de áreas nativas preservadas com mais de 20 alqueires e interessados em participar do programa devem entrar no site www.spvs.org.br/cadastro ou ligar para (41) 3013-4789.
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