Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram um método que usa nanopartículas para fazer um diagnóstico mais rápido da leucemia, que está ainda em fase experimental, disseram nesta quarta-feira os responsáveis do estudo.
O pesquisador Valtencir Zucolotto, do grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia da USP, disse a jornalistas que "uns dos principais obstáculos no atendimento sanitário no Brasil é o diagnóstico" e que com "estratégias para que seja mais rápido e mais barato" muitas vidas poderiam ser salvas.
A leucemia é o câncer mais complicado de localizar uma vez que não se forma um tumor sólido, mas as células cancerígenas ficam em circulação. Por isso, o processo de detecção é mais longo e implica em uma série de componentes necessários nos laboratórios, que representam um alto custo.
Segundo Zucolotto, o método desenvolvido na maior universidade pública do país poderia ser uma alternativa para um diagnóstico rápido em pacientes com sintomas da doença, "uma primeira abordagem para ver se há necessidade de fazer exames mais completos".
Na pesquisa, os cientistas aproveitaram a produção excessiva de açúcares, própria das células cancerígenas, e a partir daí isolaram uma proteína, a jacalina (extraída da jaca, uma fruta) que é fortemente atraída por esses açúcares.
Durante o estudo, a proteína foi revestida em uma nanopartícula, uma bola de ouro mil vezes menor que o tamanho da célula cancerígena. Depois, a proteína foi colocada em uma amostra de sangue do paciente afetado durante três horas, enxaguada e centrifugada e, finalmente, analisada.
Dessa forma, as células cancerígenas são "identificadas facilmente" já que passam a ter uma coloração "fluorescente", ao contrário das células saudáveis que não são modificadas.
Apesar de a pesquisa poder significar um grande avanço na luta contra a leucemia, o trabalho ainda está no laboratório e os pesquisadores buscam apoio para transformá-lo "em uma opção real de diagnóstico".
Diante dessa situação, Fernando Augusto Soares, diretor de Anatomia Patológica do A.C. Camargo Cancer Center, expressou que o estudo está em um caminho "muito promissor", mas que "ainda parece longe da aplicação".
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