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Polícia Federal deixa de emitir 500 passaportes em Curitiba
Angélica Favretto, especial para a Gazeta do Povo
Cerca de 500 passaportes deixaram de ser emitidos ontem, em Curitiba, no segundo dia de paralisação dos agentes, escrivães e papiloscopistas da Polícia Federal (PF). Na terça-feira, primeiro dia de greve, foram emitidos somente 80 documentos. A instrução do comando de greve para quem não conseguiu ser atendido é de que faça o reagendamento via site.
Durante todo o dia, os grevistas permaneceram em frente do prédio da superintendência, no bairro Santa Cândida, avisando a quem chegava, que a emissão e entrega só seriam feitas para casos de urgência e emergência, como questões de saúde e viagens a trabalho que já estivessem agendadas. "Para o passaporte de emergência [que sai em 24 horas independentemente do agendamento, e que tem diferentes especificações], o processo é o mesmo de sempre. Isso não muda", explicou o presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná, Fernando Vincentine.
Entre os documentos pedidos para comprovar situações de emergência estão laudos médicos e passagens já compradas mostrando a data da viagem. Ainda assim, a liberação para emissão e entrega do documento só é feita mediante análise do comando de greve.
Ontem, o movimento ganhou o apoio dos delegados federais, que também iniciaram uma paralisação.
27 órgãos
federais são diretamente afetados por protestos e greves de servidores, entre eles o Ibama, Incra, Anvisa, Polícia Federal e agora a Polícia Rodoviária Federal.
Após realizar operações-padrão que causaram filas em estradas de oito estados ontem, incluindo o Paraná, os policiais rodoviários federais prometem levar os transtornos para todo o país hoje. Nas ações, os agentes fizeram uma fiscalização mais rigorosa em carros, caminhões, ônibus e pedestres em rodovias federais.
O motivo é mostrar que falta pessoal para o serviço. Segundo a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), a defasagem chega a 4 mil policiais em todo o Brasil. Ontem à noite, a PRF do Paraná aprovou um indicativo de greve. A data da paralisação deve ser definida na próxima segunda-feira em assembleia da FenaPRF.
Em Curitiba, a operação da PRF ocorreu no quilômetro 95 do Contorno Leste, a BR-376, próximo ao Posto Contorno. Os bloqueios nas duas pistas começaram às 8h30 e tiveram como objetivo reivindicar melhores salários e recomposição do efetivo da categoria. Durante esse período, os policiais pararam todos os carros que passaram na rodovia e verificaram as notas fiscais da carga dos caminhões. Como resultado, a fila de veículos chegou a 25 quilômetros em cada lado da estrada. A barreira só foi desfeita por volta das 13 horas.
Durante a manhã, também foram registrados protestos em Londrina, com bloqueio na BR-369, no quilômetro 157, e em Foz do Iguaçu, na Ponte da Amizade.
Rio-São Paulo
Em Guarulhos (Grande São Paulo), a operação-padrão ocorreu na via Dutra das 9 às 11 horas, no sentido Rio. Foram parados 163 caminhões 20 deles foram multados por infrações como falta de licenciamento ou de itens de segurança. A fiscalização rigorosa provocou cerca de dez quilômetros de lentidão.
No Rio, faixas nos dois sentidos da ponte Rio-Niterói foram interditadas pelos policiais à tarde. Eles revistaram 310 veículos, o que causou congestionamento de 13 quilômetros. Segundo a concessionária que administra a ponte, o tempo para a travessia chegou a 1 hora e 45 minutos. Durante a operação, um ônibus teve uma pane elétrica e pegou fogo uma passageira sofreu queimaduras.
Greve atinge vários setores do país
Folhapress
A greve dos servidores públicos federais já é o maior movimento do gênero desde o começo do governo Lula (2003-2010), desafiando a gestão Dilma Rousseff. Os números oficiais e o do movimento não batem.
Nas contas sindicais, ao menos 27 órgãos federais foram diretamente afetados, entre greves, suspensão temporária de trabalho ou operações-padrão. Além dos policiais rodoviários federais, agentes da Polícia Federal estão em greve e servidores do Banco Central cruzaram os braços por 24 horas e ameaçam parar definitivamente.
Universidades federais também estão paradas há mais de dois meses, passaportes deixaram de ser emitidos e remédios importados estão retidos em depósitos. Há protestos em vários pontos do país.
Ontem, em Brasília, servidores federais em greve tentaram subir a rampa do Palácio do Planalto, mas foram contidos por policiais do Distrito Federal.
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse que o governo está fechando suas contas nesta semana para saber qual proposta de reajuste poderá apresentar aos servidores. Segundo a ministra, o ano começou com boas perspectivas de recuperação da economia mundial, mas elas não se confirmaram e foi preciso o governo refazer as suas contas.
"Estamos finalizando nesta semana as nossas contas para ver o que podemos apresentar aos servidores."
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