A Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa) voltou a operar normalmente por volta das 11 horas desta segunda-feira (22), depois de ter os serviços paralisados desde as 7h30. Trabalhadores chegaram a fechar a BR-116 em frente ao estabelecimento por mais de uma hora nesta manhã, entre as 7h30 e 8h50. Depois, eles bloquearam as entradas e saídas do Ceasa. O protesto ocorre por causa de mudanças no regime de trabalho dos carregadores, que devem se sindicalizar para continuar trabalhando. Não há risco de desabastecimento de alimentos na capital por causa da paralisação, segundo o gerente geral do Ceasa, Jaime Dias Noveli.
A manifestação só terminou depois de uma assembleia entre os carregadores e a direção do Ceasa. Na reunião, determinou-se que representantes do Sindicato da Movimentação Geral de Mercadorias fiquem no Ceasa em tempo integral para tirar dúvidas e sindicalizar os trabalhadores interessados.
Cerca de 500 carregadores do Ceasa participaram do ato nesta manhã. Eles queimaram pneus, viraram carrinhos e atiraram pedras na estrutura do prédio, além de fecharem todas as vias de acesso do local.
A manifestação acontece devido à aplicação da Lei 12.023/09, que regulamenta a profissão dos carregadores. A lei diz que eles teriam que se sindicalizar para continuar trabalhando no Ceasa.
"Eles não querem se sindicalizar por que uma boa parte não tem documentação. Se houver a regulamentação, alguns teriam que parar de trabalhar", diz Noveli. De acordo com a lei, os trabalhadores devem se filiar ao sindicato da categoria, que ficaria responsável pela intermediação dos trabalhos.
Noveli diz que a confusão começou quando algumas pessoas começaram a espalhar que os carregadores teriam que pagar cerca de R$ 40 por dia para trabalhar. Eles ganham, em média, R$ 70 de diária. "Com a regularização, os encargos serão cobrados dos tomadores, que são aqueles que requisitam a mão de obra. Não tem custo pros carregadores. Eles vão continuar recebendo a mesma coisa", afirma o gerente.
Raimundo Firmino dos Santos, presidente do sindicato, explica que após a sindicalização o pagamento passa a ser feito por semana e é padronizado. O carregador também passa a receber benefícios trabalhistas. "Alguns preferem ficar na clandestinidade, porque escapam da padronização do pagamento", diz ele.
O Ministério Público (MP) havia dado prazo de 30 dias ao Ceasa para se adequar a legislação. Segundo o gerente geral, já se passaram 15 dias e a mudança terá que ser feita totalmente nas próximas duas semanas.
No momento da liberação da BR-116, havia congestionamento de cerca de seis quilômetros. No sábado (20) ocorreu um protesto parecido, em que os trabalhadores pararam as atividades por duas horas durante a manhã.