Um protesto de professores, funcionários e alunos do Instituto Tecnológico Federal do Paraná (IFPR) paralisa as atividades da instituição por um dia em protesto nesta segunda-feira (10). Eles reivindicam a realização de eleições para que seja escolhido um novo reitor e que possam ser eleitos novos diretores nos 15 campus. Atualmente, o professor Irineu Mário Colombo, que foi indicado por decreto, está à frente do instituto.
Em Curitiba, o protesto ocorreu na sede que fica na Rua João Negrão. Por volta das 11 horas, um grupo começou a bloquear o trânsito na via na altura da Avenida Iguaçu. A Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) informou que um caminhão de som foi atravessado na pista, o que deixava o trânsito complicado na região do Rebouças. O trânsito só foi totalmente liberado por volta das 14h40.
O professor Nilton Brandão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica, Técnica e Tecnológica do Estado do Paraná (Sindiedutec), diz que Colombo foi indicado por decreto após o antigo reitor (eleito) Alípio Santos Leal Neto, se licenciar do cargo, em 2011. Pela regra normal, Colombo deveria ficar como reitor até o fim do mandato de Neto, que terminaria em 2014. Agora, no entanto, Colombo teria se recusado a convocar novas eleições, que deveriam ocorrer em maio.
O atual reitor argumenta que houve indefinição se seu mandato seria "tampão" ou duraria os quatro anos. E que a definição pelo mandato integral, de quatro anos, foi tomada em decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff (PT). Ele diz que o IFPR recebeu cinco pareceres favoráveis, inclusive do MEC, para que seu mandato fosse integral. Colombo classifica a manifestação como "politiqueira".
Além do impasse na questão legal, a manifestação, segundo o presidente do sindicato, é motivada por uma opinião negativa geral sobre a gestão do atual reitor. "Estamos absolutamente descontentes com a gestão, dos professores aos estudantes. Há uma perseguição generalizada aos servidores. Só para exemplificar, sete funcionários de um setor, com nove, pediram para sair. Mais de 20 casos de assédio moral foram registrados. Ocorrem demissões injustificadas, transferências por servidores que desagradam, é uma condição insustentável."
Já o reitor rebate essas informações e diz que fez 14 trocas de função, mas não de cargo. "E aí as pessoas não gostaram, mas elas são de livre nomeação", comenta Colombo.
O presidente do sindicato diz que essa paralisação é um movimento de alerta, mas que há possibilidade de greve a partir da segunda quinzena de março. Ele relata que haverá uma assembleia no dia 21, na qual será decidido o futuro do movimento. "Nesta terça-feira as aulas voltam ao normal", diz Brandão.
IFPR nega perseguição
Procurado, o IFPR informou, por meio de nota distribuída na tarde desta segunda-feira, que desconhece os atos de perseguição descritos pelo organizador do protesto. A instituição informou ainda que as exonerações promovidas a partir de 1º de fevereiro deste ano visaram "atender exclusivamente às demandas administrativas e pedagógicas da instituição".
O IFPR disse ainda que o professor Irineu Mário Colombo foi eleito reitor pela comunidade acadêmica e nomeado em decreto publicado no dia 13 de junho de 2011. Como o mandato para o cargo é de quatro anos, o término da gestão ocorrerá em 14 de junho de 2015.
"Quanto às eleições para o cargo de diretor geral do Câmpus Curitiba, o IFPR informa que o assunto será discutido na próxima reunião do Conselho Superior do IFPR (Consup), a ser realizada no dia 25 de março de 2014", informou a nota do instituto, sinalizando que o mesmo "já buscou orientação junto ao Ministério da Educação sobre artigos da Lei 11892/08 e o Decreto da Presidência da República 6986/09, que dispõem sobre a eleição dos dirigentes dos Institutos Federais, para então pronunciar-se sobre a realização de um novo processo eleitoral no Câmpus Curitiba".