A Frente de Esculacho Popular (FEP) organizou neste sábado (4) um protesto contra o delegado Carlos Alberto Augusto, em Itatiba (SP). O manifesto pede a saída de Augusto de seu cargo de delegado da Polícia Civil na cidade.
O delegado é acusado, junto com o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, de participação no sequestro do corretor de valores Edgard de Aquino Duarte, em junho de 1971, durante o período mais violento da ditadura militar.
Em outubro de 2012, a Justiça Federal recebeu denúncia do Ministério Público contra Augusto e Ustra. Segundo a denúncia, Duarte ficou preso ilegalmente no DOI-Codi e no Deops (Departamento de Ordem Política e Social) até meados de 1973 e desapareceu.
Conhecido como "Carlinhos Metralha", Augusto também é acusado de comandar sessões de tortura e estar envolvido no desaparecimento de presos políticos no período em que trabalhou no Dops (Departamento da Ordem Política e Social), de 1970 a 1977.
Em fevereiro, Augusto foi nomeado para assumir o cargo de delegado em Itatiba. Procurado pela reportagem, o delegado disse estar satisfeito com a manifestação. "Fiquei feliz por esses grupos de "mili-tontos" e "mili-idiotas" por se manifestarem. Eu lutei pela liberdade imprensa, de manifestação e pela democracia".
"Não serve para nada esse movimento", disse Augusto ao ser questionado se ele acredita que o "esculacho" terá alguma consequência. "Estou na Polícia há 40 anos defendendo a sociedade e as consequências tem que perguntar ao governador, secretário-geral de segurança do Estado de São Paulo."
Sobre as acusações o delegado afirmou que não foi notificado pela Justiça sobre o suposto envolvimento no sequestro de Duarte. "Tão logo eu for citado, eu vou me manifestar na forma da lei. Eu respeito a Justiça e meus superiores. Não existiu tortura no Dops. Não cometi tortura nenhuma, o departamento tinha uma diretoria responsável subordinada ao secretário de Segurança Pública. Nós tínhamos uma Corregedoria muito enérgica e um juiz corregedor muito enérgico. Todas as prisões eram comunicadas ao juiz auditor militar."
Esculacho
Segundo o organizadores, participaram do "esculacho" 70 membros da FEP que ocorreu na praça central de Itatiba.
O grupo distribuiu panfletos e estendeu cartazes com fotos de desaparecidos políticos e com o que, segundo a FEP, é o histórico da atuação de Augusto durante a ditadura.
Um padre da cidade se interessou pela manifestação e leu o panfleto durante a missa, de acordo com organizadores.
O "esculacho" também contou com apresentações artísticas de uma companhia de teatro e de uma fanfarra.
A FEP foi criada em 2012 e promove manifestações denunciando agentes da ditadura que cometeram abusos contra os direitos humanos.