Os funcionários da central de esterilização do Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba, ligado a Universidade Federal do Paraná (UFPR), realizam uma "Operação Tartaruga" desde a zero hora desta segunda-feira (16). A limpeza e a esterilização de material hospitalar estão reduzidas pela metade. Os trabalhadores reclamam da exposição à altas temperaturas e reivindicam a instalação de um sistema de climatização no setor.
A esterilização de material cirúrgico é essencial para evitar contaminação do paciente. Além de serem usados em cirurgias, equipamentos como pinças e bisturis são necessários para procedimentos de rotina, tais como suturas e troca de curativos. O protesto já afetou exames e consultas, segundo Carla Cobalchini, diretora de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba, região metropolitana e Litoral do Estado do Paraná (Sinditest).
As cirurgias que já estavam agendadas ainda não teriam sido afetadas, pois há estoque de material esterilizado. Na terça-feira (17) estes procedimentos também sofrerão reflexos, segundo o Sinditest. Em nota, o HC afirma que a situação não comprometerá as cirurgias programadas do Centro Cirúrgico, havendo provavelmente somente alguns atrasos. As operações de emergenciais estão mantidas.
O HC possui duas máquinas, chamadas autoclaves, para fazer a esterilização, mas só uma será utilizada no período do protesto. Os funcionários estão trabalhando por períodos de 45 minutos e permanecem por quinze minutos de braços cruzados. No setor trabalham 30 funcionários em três turnos, tanto servidores técnico-administrativos, quanto contratados pela Fundação da Universidade Federal do Paraná (FUNPAR).
Nos turnos da manhã e da tarde a jornada de trabalho é de seis horas, já durante a noite chega a 12 horas. Durante o período de trabalho, os funcionários ficam dentro de uma sala com temperatura de até a 48°C.
Não há nenhuma forma de climatização e ventilação nas salas, afirma Carla Cobalchini. "Os trabalhadores não podem abrir a janela, pois pode haver contaminação e vai contra as normas da vigilância sanitária", explica.
O calor provoca problemas de pele, ressecamento nos olhos e desidratação dos trabalhadores, conta a diretora. "Eles são obrigados a usar uniformes com mangas curtas para suportar o calor e acabam correndo risco de se contagiar", afirma.
Segundo a dirigente do sindicato, desde 2002 os trabalhadores reivindicam melhorias no setor. O sistema de climatização teria sido orçado em R$ 9 mil. O HC informou que o equipamento está sendo fabricado e deverá estar instalado e em funcionamento no próximo sábado (21). Os funcionários prometem manter a operação até que o problema esteja resolvido.