Aproximadamente 500 médicos participaram, nesta terça-feira (23), em Curitiba de um ato público em repúdio às recentes medidas do governo federal que afetam o exercício da profissão no Brasil. O protesto aconteceu em dia de paralisação nacional da categoria, coordenada pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam). A estimativa do Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar) é de que pelo menos metade dos cerca de 10 mil médicos de Curitiba aderiram de alguma forma à greve.
Nos próximos dias 30 e 31, os médicos do Paraná devem fazer novas paralisações, conforme decisão tomada em assembleia na última segunda-feira (22).
A manifestação desta terça-feira no Centro da capital começou por volta das 17h, quando os médicos se concentraram no cruzamento entre as avenidas Marechal Deodoro e Marechal Floriano. Sobre um trio elétrico, lideranças do Simepar, da Associação Médica do Paraná (AMP) e do Conselho Regional (CRM) expuseram as principais reivindicações das entidades.
Durante o protesto, que terminou por volta de 18h30, as ruas chegaram a ser bloqueadas totalmente. Na maior parte do tempo, contudo, os médicos interditavam a passagem em uma das ruas e liberavam a outra, para evitar maiores impactos no trânsito.
Vestindo jalecos e distribuindo panfletos, alguns profissionais também portavam faixas com dizeres como: "Não faltam médicos, falta investimento" e "Trabalho forçado no SUS sucateado?", que resumiam as principais pautas do manifesto.
Para o presidente em exercício do Simepar, Murilo Schaefer, a adesão dos médicos foi acima do esperado. "Fizemos um bom trabalho de mobilização e tivemos representantes de todos os setores médicos. A categoria está unida", avalia.
A maior luta dos profissionais, de acordo com Schaefer, é quanto a tópicos da MP 621/2013, que institui o Programa Mais Médicos. É o caso do clínico-geral Hélder Campos, que afirma não concordar com o sistema de remuneração dos médicos que o programa pretende levar aos municípios do interior. "O sistema de bolsas criado pelo governo é frágil. Os médicos daqui e de fora do país são convidados a mudar de cidade sem nenhum vínculo empregatício ou outra garantia", argumenta Campos.
Outra participante do protesto, a cirurgiã vascular Joice Inglez, acredita que as reivindicações dos médicos têm sido mal interpretadas. "Não somos contra o aumento de profissionais, mas isso por si só não resolve o problema da saúde. O poder público precisa antes investir na estrutura da saúde, para que todos tenhamos condições de trabalhar", pondera.
Paralisação afeta parcialmente atendimentos em Curitiba
A greve dos médicos afetou parcialmente o atendimento da saúde em Curitiba. Os procedimentos de emergência e urgência foram todos mantidos, conforme acordo selado nesta terça (23) entre as entidades médicas e o Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Já os procedimentos eletivos, como consultas e exames pré-agendados, registraram transtornos na capital paranaense, especialmente na rede pública. Em Curitiba, o Hospital Cajuru, o Hospital Evangélico e o Hospital de Clínicas da UFPR tiveram redução no número de atendimento em ambulatórios, principalmente. No Hospital Evangélico, por exemplo, 90% destes procedimentos precisaram ser remarcados.
Entre os planos de saúde de Curitiba o impacto não foi sentido da mesma maneira. As empresas Unimed, Amil e Clinipam garantiram que praticamente não houve reclamações de clientes a respeito de transferências de consulta ou transtornos similares.
Veja fotos do protesto dos médicos
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