Cenas de guerra no quinto protesto em Curitiba. A manifestação, que começou pacífica, reuniu 15 mil pessoas e registrou confrontos em frente à Arena da Baixada e Palácio Iguaçu. Na sede do governo, os manifestantes jogaram rojões e pedras nos policiais, que reagiram com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Pelo menos 14 pessoas foram presas. Tubos de ônibus, orelhões e prédios (inclusive a Prefeitura) foram vandalizados. Lojas estão sendo saqueadas. A Cavalaria e a Tropa de Choque forçaram a dispersão dos manifestantes por volta das 22h50.
Antes, um grupo de manifestantes entrou em confronto com torcedores da torcida organizada "Os Fanáticos" do Atlético-PR em frente à Arena da Baixada e a Tropa de Choque foi acionada. Houve briga com bombas, paus e pedras. Ainda não há informações sobre o número total de presos e feridos nos dois confrontos.
Confronto no Centro Cívico
A Polícia Militar estima que pelo menos 10 mil pessoas estavam nas proximidades do Palácio Iguaçu na noite desta quinta-feira. Um pequeno grupo de manifestantes hostilizou os policiais que guardavam a frente da sede do governo com rojões e pedras.
A ordem para agir veio depois que alguém jogou uma bomba molotov em um dos policiai, de acordo com o Coronel Adilson Castilho Cacipas, chefe da Casa Militar. Eles atiraram bombas de gás lacrimogêneo e atiraram balas de borracha para dispersar os manifestantes.
Formou-se um cenário de guerra no local. Manifestantes depredaram estações tubo, orelhões, lixeiras e prédios da região da Praça Nossa Senhora do Salete. A sede da Prefeitura e outros prédios públicos tiveram janelas quebradas, pichações e outros danos materiais. Uma agencia do Bradesco foi depredada e pelo menos uma loja e um restaurante foram saqueados, além de alguns princíos de incêndio. Pelo menos 14 pessoas foram presas. Não há informações sobre o número de feridos.
Confusão na Arena
Manifestantes e membros da torcida organizada Os Fanáticos, do Atlético-PR, entraram em confronto em frente à Arena da Baixada. Os grupos se atacaram com paus, pedras e bombas. A tropa da choque da PM foi acionada e asituação só foi pacificada por volta das 21h15, depois de mais de uma hora de tumulto.
Os torcedores se posicionaram em frente à Arena da Baixada para proteger o patrimônio do clube de possíveis vândalos que estejam infiltrados nas manifestações. De acordo com o ex-vereador Julião Sobota, membro da diretoria do grupo, a torcida ficou sabendo que outras organizadas teriam a intenção de depredar o estádio, que passa por reformas para a Copa de 2014.
"Existe um papo de pessoas quererem vir depredar o patrimônio do Atlético. Viemos aqui para não deixar que isso aconteça", confirmou Sobota em entrevista por telefone à Gazeta do Povo. Cerca de 30 membros da torcida estão no local, armados com pedaços de madeira.Repercussão
O governador Beto Richa se manifestou sobre as cenas de guerra vistas no Centro Cívico na noite desta sexta-feira. Em sua página no Facebook, Richa afirmou que "responsáveis pela destruição no Centro Cívico serão identificados, presos e punidos".
Também na rede social, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, afirmou que imagens e fotos dos responsáveis pelos atos de vandalismo serão enviadas à Policia Civil, Polícia Federal e ao Ministério Público. Fruet disse também que os atos no Centro Cívico ultrapassaram todos os limites e que é necessário separar os vândalos e manifestantes. "Mais do que nunca, peço diálogo entre os poderes, contenção de ânimos e toda segurança à cidade", disse o prefeito. Os reparos aos bens públicos destruídos nesta noite terão início na manhã deste sábado (22).
Fugiu do controle
Os organizadores da Farofada admitiram terem perdido o controle sobre a manifestação, já que a ideia inicial era não sair da Rui Barbosa. Eles haviam pedido protesto pacífico, sem violência ou vandalismo.
Um grupo grande caminhou pela Avenida Sete de Setembro e bloqueou todo o trânsito da região, nos dois sentidos. Um biarticulado parou em frente ao Shopping Curitiba para as pessoas descerem. Uma ambulância teve dificuldade para romper o ato. Houve registro de atos de vandalismo cometidos por grupos bem pequenos contra carros parados na região.
O grupo começou a se dispersar por outras ruas da região por volta das 19h15. Uma parte foi até à Praça do Japão e pichou o memorial da praça. Outros manifestantes seguiram o sentido contrário e foram à sede do governo estadual. Outro grupo se direciona à Praça Santos Andrade.
Alguns manifestantes reclamavam da falta de liderança do ato e a maioria não sabia a direção da marcha. "Uma amiga quase foi atropelada. Não sei o que está acontecendo, falta organização", disse Cinthia Volpato, 20 anos, gerente de vendas. O trânsito parado é motivo de reclamação para o estudante Lorenzo Scripes. "Fiquei parado meia hora na esquina da Brigadeiro Franco com a Sete de Setembro".
Os manifestantes levam cartazes contra a PEC 37 (que tira o poder de investigação do Ministério Público), à favor do passe livre e outras solicitações. "Tanta coisa errada que não cabe em um cartaz", diz um cartaz.
O ato organizado pelas redes sociais tinha mais de 77 mil presenças confirmadas até as 17h30. De acordo com o comunicado dos organizadores do evento publicado no Facebook, a intenção era discutir diretamente com a população as carências do transporte público.