A semana letiva terminou sem que tenha sido encontrada uma solução para o impasse criado no Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba. Ontem, os alunos se recusaram a entrar em sala de aula mais uma vez. Eles afirmam que o colégio só vai voltar à rotina se o governo do estado demitir a diretora-geral, Maria Madselva Ferreira Feiges. A diretora tem apoio da Secretaria de Estado da Educação e diz que continuará no cargo. Os protestos por eleições diretas para a escolha do diretor começaram na terça-feira. Na quarta-feira, dois estudantes foram detidos pela Polícia Militar.
A partir de hoje, os alunos pretendem assistir às aulas novamente. Mas isso não quer dizer que os protestos irão acabar. "De manhã, os alunos vão para a sala. Mas ao mesmo tempo a turma da tarde estará lá fora protestando. À tarde, inverte: eles vão para a aula e nós protestamos", diz uma aluna. Ela afirma que isso deverá durar até a próxima quarta-feira, quando o governo promete dar uma resposta para as demandas dos estudantes. Na segunda-feira, os alunos prometem acampar no terreno da escola.
Abraço
Ontem, o dia começou com a recusa dos alunos de entrar nas salas. Logo em seguida, às 8 horas, centenas de estudantes resolveram "abraçar" simbolicamente o colégio. Cantando gritos de ordem, eles cercaram toda a quadra. Depois, voltaram para a frente do Estadual e ficaram lá durante toda a manhã, cantando, gritando e exigindo a demissão da diretora.
Enquanto isso, Maria Madselva estava em uma reunião da Associação de Pais, Mestres e Professores, tentando convencer a comunidade escolar de que não havia motivo para que alguém pedisse seu afastamento do cargo. Ela afirma que as mudanças que vem promovendo no colégio é que causaram insatisfação, mas garante que as modificações são para melhor. Exemplo disso seria o sistema de recuperação adotado. Ao fim de cada trimestre, os alunos com nota abaixo de 6 estão tendo aulas em contraturno e podem fazer uma nova avaliação.
Professores e alunos que são contrários à permanência da diretora também se pronunciaram. A professora Malu Lacerda, considerada uma das líderes do movimento, representou os professores. Segundo ela, a diretora é autoritária e tornou difícil o convívio com todas as outras partes.
À tarde, Maria Madselva recebeu um telefonema do secretário de Educação, Maurício Requião, que esteve reunido com um grupo de professores, pais e alunos do Estadual. "O secretário me apóia e diz que vai haver reuniões sobre o tema somente depois que os alunos aceitarem voltar às aulas", afirma. Para ela, os professores que incentivaram os protestos dos alunos criaram um problema para si mesmos, já que agora perderam o controle sobre os estudantes.
Solitária
Durante a manhã, enquanto cerca de 1,5 mil alunos protestavam contra a diretora do colégio, uma estudante resolveu fazer um protesto solitário. Do lado de fora do muro, os alunos abraçavam o colégio. Em cima do muro, bem em frente a eles, a estudante, do 2.º ano do Ensino Médio, segurava uma pequena folha escrita à caneta com os dizeres "Fica, Madselva". Ela cantava sozinha, pedindo a permanência da diretora. "A Madselva está tentando arrumar o colégio e esse pessoal nem sabe o que está dizendo", diz ela.