Hoje já é possível fazer uma graduação sem cursinho, e também sem o próprio vestibular. Desde que se tenha renda familiar de até três salários mínimos por pessoa (R$ 900) e um bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – com todo o ensino médio tendo sido cursado em escola pública ou privada com bolsa integral – , dá para entrar na faculdade pela porta da frente, livre do fantasma do vestibular, graças ao Programa Universidade para Todos (ProUni), do Ministério da Educação.

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Foi o caminho escolhido pelo jovem Admaro Anderson Pinto, 24 anos, pasteleiro em uma lanchonete do centro de Curitiba, que hoje está matriculado no primeiro semestre do curso de Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. "Em 2004 eu fiz cursinho e tentei Ciências Econômicas na UFPR, passei na primeira fase, mas não consegui passar na segunda", conta o pasteleiro que quer ser professor.

Com uma renda per capita familiar equivalente a R$ 400 por mês, Admaro imaginou que o sonho da faculdade estivesse se dissipando, quando soube do ProUni pela televisão. Ele conseguiu bolsa integral e hoje faz ginástica para conciliar a rotina da pastelaria com a universidade. "A faculdade é difícil, exige muita leitura, e eu não tenho muito tempo. Tenho que trabalhar aqui, e ainda tenho mulher e uma filha de um ano", relata.

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Sobre a preparação, o pasteleiro conta que estudou para o Enem "lendo, usando o material que ficou do cursinho, e também revistas e livros de literatura". "Se eu fosse dar um conselho para quem quer entrar na faculdade, eu diria para ler... ler muito e de tudo", sublinha. "Porque por mais que tenha Matemática, Física, Química, saber interpretar um texto é fundamental."