São Paulo Na tentativa de sepultar a fase de intrigas e fogo amigo, o PSDB realiza hoje, em Belo Horizonte, sua convenção nacional com a presença dos principais caciques tucanos, que até aqui se esquivaram de se engajar efetivamente na campanha de Geraldo Alckmin ao Palácio do Planalto. A expectativa entre os tucanos é que o evento, no qual são esperadas 10 mil pessoas, não seja apenas cena para a platéia. Porém há quem aposte que, mesmo daqui para frente, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, e o pré-candidato tucano ao governo paulista, José Serra, continuem descolados da campanha presidencial do partido.
O distanciamento tem motivo: aproximando-se de Alckmin, Serra teme federalizar a campanha no Estado e trazer a força do presidente Lula para o seu principal adversário, o senador Aloízio Mercadante. Outra razão que reforça o afastamento de Serra de Alckmin é que o eventual crescimento do ex-governador paulista pode cacifá-lo para 2010, quando Serra espera, enfim, ser aclamado candidato do partido ao Planalto. O ex-prefeito diz que não. "Estamos sempre aqui prontos e disponíveis para o trabalho conjunto. A campanha é a mesma", afirmou Serra na última quinta-feira, na primeira aparição em conjunto com Alckmin neste início de campanha.
A exemplo de Serra, Aécio também não estaria interessado em ver Alckmin bem cotado na disputa com Lula, ainda que perca para o petista. O governador mineiro, que vai tentar a reeleição, também almeja disputar o Planalto em 2010. Foi para enterrar a tese de que Aécio não estava atuando na campanha de Alckmin que o PSDB decidiu marcar a convenção na capital mineira. Dirigentes do partido negam que o evento tenha sido agendado no Estado por esse motivo. Lembraram, inclusive, que a convenção que homologou o nome de Fernando Henrique Cardoso em 1994 foi realizada em Contagem (MG).
Um dos coordenadores da campanha de Alckmin, João Carlos Meirelles, acredita que a convenção de hoje será um divisor de águas no cenário tucano. "Além de significar definitiva homologação, já que a vida humana é feita de gestos emblemáticos, vamos confirmar o nome de nosso candidato, apresentando a consolidação da aliança com o PFL e aprovando a abertura para uma aliança mais ampla", afirmou.
Outro ponto importante da convenção, disse ele, é a apresentação do roteiro de diretrizes para o programa de governo. "Ainda não é o programa, já que este será ajustado na construção de um denominador comum com os partidos aliados", explicou Meirelles, o principal nome da legenda na elaboração das propostas de Alckmin.
Na avaliação do coordenador da campanha, o evento de hoje no Expominas no qual estão previstos discursos de Alckmin, FHC Serra e Aécio, entre outros caciques tucanos ainda representa uma "virada de página" na campanha do ex-governador paulista à Presidência.
