Brasília O Psol fez ontem nova representação contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por indícios de quebra de decoro parlamentar. Ele é suspeito de grilagem de terras em Alagoas e de ter beneficiado a cervejaria Schincariol em troca de vantagens.
O Conselho de Ética já investiga se Renan teve despesas pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. O pedido de abertura de um novo processo contra ele foi protocolado na Mesa Diretora do Senado, que ainda analisará o caso. O Psol também protocolou representações na Câmara contra os deputados Olavo Calheiros (PMDB-AL), que é irmão de Renan, e Paulo Magalhães (DEM-BA).
Os dois são suspeitos de corrupção, tráfico de influência e fraudes em licitação em esquema com a construtora Gautama.
Olavo ainda é acusado de participação no caso Schincariol por ter vendido uma fábrica de cerveja à Schincariol no município de Murici (AL), com preço acima da média do mercado. A Schincariol afirmou, por meio de nota, que a compra da fábrica foi realizada dentro da lei e faz parte de seu plano de expansão.
No processo já em andamento, os relatores Renato Casagrande (PSB-ES), Marisa Serrano (PSDB- MS) e Almeida Lima (PMDB-SE) estão preocupados com a possibilidade de a perícia da Polícia Federal não ser conclusiva. Ainda faltam documentos e o prazo de vinte dias para a conclusão do laudo pode ser prorrogado. Os relatores temem o desgaste político e a pressão no Senado se tiverem que fazer um parecer sem o respaldo total da Polícia Federal.
Defesa
Renan classificou como "eleitoreira" a ação do Psol. Em nota oficial, o senador disse que a representação mostra "mais uma vez o caráter eleitoral deste episódio como uma disputa da política de Alagoas".
Renan declarou-se impedido de presidir reunião da Mesa Diretora do Senado em que será definido se a nova representação será encaminhada ao Conselho de Ética. "Dei-me por impedido para tratar de assunto dessa natureza, que está entregue à competência do primeiro vice-presidente da Casa, senador Tião Viana (PT-AC)", disse Renan na nota.
A Mesa Diretora do Senado ainda não definiu quando vai se reunir para decidir sobre os rumos da nova representação do Psol.
Mais cedo, o presidente do Senado evitou comentar a representação. Renan disse apenas que vai conseguir provar sua inocência no processo a que já responde no Conselho de Ética. "A expectativa é que chegará a oportunidade em que eu vou me defender com provas, documentos e não só com discursos. Vou provar o contrário das maledicências que disseram contra mim", afirmou.