Brasília O primeiro dia de trabalho após as duas semanas de recesso no Congresso Nacional começa com quatro novas representações por falta de decoro parlamentar. O PSol, autor da primeira denúncia contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), volta à carga com outros processos contra o senador e mais três deputados federais Olavo Calheiros (PMDB-AL), Paulo Magalhães e Maurício Quintela (DEM-BA). Eles serão protocolados amanhã pela presidente do partido, Heloísa Helena.
De acordo com a nova acusação, Renan teria atuado para beneficiar a fábrica de bebidas Schinchariol junto ao Instituto Nacional de Seguro Social. Graças a uma intervenção política do senador, a empresa teria revertido um débito de R$ 100 milhões com o órgão. O PSol não conseguiu incorporar a denúncia à outra representação que corre contra o alagoano, de ter despesas pessoais pagas pela construtora Mendes Júnior.
Já Olavo, que é irmão de Renan, é suspeito de ter fraudado os dados da venda de outra fábrica de bebidas, a Conny, para a Schinchariol. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, ele teria lucrado R$ 12,7 milhões com a transação.
Entretanto, o deputado declarou à Justiça Eleitoral que recebeu apenas R$ 2,99 milhões no negócio, que ficou em R$ 27 milhões, mesmo sendo dono de 85% da Conny.
Além disso, Olavo é citado nas investigações da Operação Navalha, da Polícia Federal. Ele e os colegas Magalhães e Quintela são suspeitos de integrar uma máfia de fraudes em licitações de obras públicas. Se acatadas, as representações na Câmara podem resvalar nas investigações contra Renan no Senado.
O líder do PSol na Câmara, Chico Alencar (RJ), explica que a atitude do partido é uma maneira de fazer com que a sociedade não se esqueça dos problemas no Congresso, mesmo com o foco da mídia voltado nas últimas dias para o acidente com o avião da TAM em Congonhas. "Nem da TAM, nem do Pan, as pessoas precisam e devem se lembrar agora é do Renan", afirmou. (AG)