Brasília O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende fazer uma ampla renovação em seu governo, caso conquiste o segundo mandato nas eleições de outubro. Uma de suas primeiras decisões é a de que, desta vez, não nomearia para o primeiro escalão do governo petistas e aliados que saírem derrotados das eleições estaduais. Cauteloso diante do clima de "já ganhou", Lula determinou que seus principais assessores não falem nem especulem sobre a composição de governo num eventual segundo mandato. No partido, no entanto, a corrida por posições já começou.
"É um erro falar sobre o próximo governo a 30 dias das eleições. Mas tenho sentido que o presidente Lula quer fazer um novo governo. Com a reeleição, tem que ser diferente de Fernando Henrique, que repetiu o primeiro mandato, com o mesmo governo, e o barco afundou. Não podemos cometer o mesmo erro. Time que está ganhando tem que mudar para melhor para continuar ganhando", diz o governador do Acre, Jorge Viana, um dos articuladores da campanha à reeleição.
Os principais auxiliares do presidente Lula insistem em dizer que não serão repetidos erros do primeiro mandato. O principal teria sido dar ao PT no Ministério um espaço desproporcional à sua força no Congresso.
A avaliação é de que esse desequilíbrio custou caro ao governo, na medida em que gerou fragilidade na base parlamentar, que não se sentia responsável pelos rumos do governo Lula. Por isso, quando alguns petistas questionam a decisão do presidente de fazer um governo de coalizão com o PMDB, a coordenação política do governo reage com vigor. "Nós temos uma dura experiência sobre o custo da instabilidade na base parlamentar. Temos que ter muita clareza sobre isso, sobre a necessidade de um governo de coalizão", afirma o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro.
Sociedade
A presença do PT no governo não ficará menor apenas em função do maior espaço que será concedido ao PMDB e a aliados, mas também porque o presidente Lula quer ampliar a presença de nomes da sociedade, sem partido, na equipe. Será no setor produtivo que Lula irá buscar um ministro da Agricultura que seja representativo como foi o ex-titular Roberto Rodrigues, ou um sucessor para o ministro do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio, Luiz Fernando Furlan, caso ele confirme sua decisão de deixar o governo, por razões pessoais, no fim deste mandato.
A escolha de um nome respeitado na área será a opção do presidente Lula no Ministério da Justiça, caso Márcio Thomaz Bastos decida mesmo deixar o governo, como declarou na semana passada. Na mesma situação está o ministro da Cultura, Gilberto Gil, que, por razões profissionais, também já manifestou o desejo de sair no fim do atual mandato. Um ministro que desistiu de disputar as eleições de outubro a pedido do presidente explicou que a intenção de Lula é nomear uma superequipe, com nomes representativos dos setores que ficarão sobre suas responsabilidades. "O governo será integralmente dele. Se for reeleito, não deverá nada a ninguém nem ao PT. Ele vai convidar gente experiente para o ministério", comenta esse ministro.
Quem deve sair
Thomaz Bastos: Justiça.Gilberto Gil: Cultura.Furlan: Indústria e Comércio.
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