Brasília Os partidos aliados do PT no mensalão foram os que mais conseguiram direcionar recursos de emendas parlamentares para a aquisição de ambulâncias por convênio com municípios. De acordo com os dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), PTB, PP, PL e PMDB abocanharam 65% dos R$ 98 milhões liberados em 2004 pelo Ministério da Saúde para as prefeituras se equiparem com "unidades móveis". Em 2005, esse índice subiu para 70% dos R$ 111 milhões que foram empenhados para o mesmo objetivo.
De acordo com procuradores da República, essas evidências sugerem que os quatro partidos poderiam estar operando uma espécie de mensalinho, já que como descobriu a Polícia Federal na Operação Sanguessuga o superfaturamento de ambulâncias foi usado para pagar propinas a ex-deputados, assessores parlamentares e funcionários do governo. "Esse é o típico esquema de baixo clero", avalia um dos procuradores envolvidos na investigação, referindo-se à camada de parlamentares que tem pouca influência política no Congresso.
Até agora, a PF já detectou irregularidades em 70 municípios brasileiros que assinaram convênios com o Ministério da Saúde para receber dinheiro voltado à compra de ambulâncias. Nas investigações, descobriu-se que uma empresa de Mato Grosso, a Planam Comércio e Representações, que monta ambulâncias, estava aliciando prefeitos, funcionários do governo, assessores parlamentares e até integrantes da Mesa Diretora da Câmara para se beneficiar do dinheiro das emendas parlamentares.
Recuo
Na sexta-feira passada, o presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Gilmar Machado (PT-MG), chegou a anunciar que divulgaria a lista de todas as emendas relacionadas a compra de ambulâncias.
Ontem, entretanto, diante da reação de dezenas de deputados e senadores preocupados com a repercussão do escândalo o petista disse que só forneceria as informações se as mesmas fossem solicitadas pelo Ministério Público.
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